Juro baixo leva vice à presidência do BB
Alexandre Abreu ganhou prestígio com a presidente Dilma Rousseff por implantar o corte agressivo nas taxas
Tido pelos colegas como bom negociador, novo presidente deve dar atenção às áreas de produtos e tecnologia
O vice-presidente de Negócios de Varejo do Banco do Brasil, Alexandre Abreu, 49, será o novo presidente da instituição financeira, no lugar de Aldemir Bendine, que vai comandar a Petrobras.
Maior banco do país, líder no financiamento do agronegócio, o BB deve participar dos empréstimos aos principais projetos de infraestrutura nos próximos anos.
Considerado ousado e inquieto, Abreu foi o responsável no BB por implantar o corte agressivo nos juros em 2011, bandeira do início do primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff, com o objetivo de acirrar a concorrência bancária.
Foi com essa missão que Abreu ganhou prestígio e a simpatia da presidente.
Nos últimos anos, Abreu se tornou uma espécie de braço direito de Bendine. Por esse motivo, nem os funcionários nem os analistas do mercado financeiro acreditam em uma mudança significativa na gestão da instituição financeira.
PILHADO
Apesar do temperamento irrequieto (colegas relatam que ele está sempre "pilhado"), o executivo tem fama de ser um bom negociador, especialmente com executivos da concorrência.
Desde 2010, é membro da diretoria da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), em que são discutidos interesses conjuntos do setor.
Funcionários afirmam que ele deverá dar atenção especial às áreas de produtos bancários como cartões e seguros. Também procurará renovar a rede de atendimento, a presença na web e a tecnologia.
Politicamente, Abreu é afinado com o governo, mas não necessariamente com os caciques petistas.
Funcionário de carreira do BB, Abreu entrou no banco em 1986 como escriturário na agência de Cariacica (ES).
Em São Paulo, foi o gerente da elitizada agência da avenida Europa, nos Jardins (zona sul), no final dos anos 1990. De lá, ascendeu para superintendente regional do BB em São Paulo e no ABC.
Chegou a Brasília pela segunda vez em 2004 (teve rápida passagem em 2001 para cuidar do BB Internet), quando acelerou a escalada à cúpula do banco.
Foi gerente de cartões e de seguros na divisão de varejo. Assumiu essa área e a diretoria de cartões em 2007 e depois dirigiu seguros, previdência e capitalização.
Participa dos conselhos de administração da Cielo, do FGC (Fundo Garantidor de Créditos), da Brasilprev e da Previ, fundo de pensão do BB.
O executivo cursou administração de empresas e tem MBA em gestão e marketing.
As ações do banco tiveram baixa de 3,91% nesta sexta, dia em que o Ibovespa (termômetro dos negócios com ações) recuou 0,9%.
CAIXA
O outro grande público de varejo, a CEF (Caixa Econômica Federal), também terá novo comando.
A ex-ministra do Planejamento Miriam Belchior deverá substituir Jorge Hereda.