PIB de 2011 passa de R$ 4,1 tri a R$ 4,4 tri
Esse foi o ano com maior alteração, porque havia sido estimado a partir de números preliminares, sem revisões
Nova metodologia do IBGE segue padrão da ONU e passa a contar como investimento o que antes era despesa
A nova metodologia de cálculo do PIB recomendada pela ONU e adotada pelo IBGE elevou o tamanho da economia brasileira principalmente pela inclusão de novos itens no investimento.
Na média de 2000 a 2011 (período revisado), o PIB, em valores, aumentou a uma média de 2,1% em relação à antiga série, recalculada agora.
Em 2011, a produção de bens e serviços somou R$ 4,4 trilhões --originalmente, o divulgado era R$ 4,1 trilhões.
Roberto Olinto, diretor de pesquisas do IBGE, disse que, em todos os países, a mudança se deu mais nos valores do PIB do que na variação em relação ao ano anterior.
Nos EUA, o acréscimo, por exemplo, foi de 2,4%.
Entre as mudanças, passam a ser considerados investimentos itens como pesquisa e desenvolvimento como investimento, compra de equipamentos bélicos (com pequeno peso no Brasil, mas relevante nos EUA), prospecção e avaliação de recursos minerais (mesmo que não sejam encontradas jazidas de minério ou petróleo) e aquisição de softwares.
Antes, todos eram tidos como custos embutidos no processo produtivo e descontados do cálculo final do PIB.
Foi recalculado o crescimento da economia de 2001 a 2011. No fim deste mês, serão apresentados os novos números para 2012 e 2013.
SALTO EM 2011
Na média anual de 2001 a 2011, a economia brasileira avançou 3,7%, ante 3,5% registrados antes da revisão. A principal mudança foi em 2011 --de 2,7% para 3,9%.
Segundo Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, o dado de 2011 sofreu uma alteração mais forte porque não havia sofrido nenhuma revisão e foi estimado apenas com os números preliminares do PIB trimestral, ao contrário dos anos anteriores. O PIB per capita subiu e ficou em R$ 20.461 --era R$ 19.620 na série sem revisão.
Os anos de 2012 e 2013 já sofreram ajustes para incorporar a nova pesquisa de indústria e a de serviços e tendem a mudar menos.
Com a inclusão de mais itens considerados como investimento, a taxa de investimento (proporção dessa categoria em relação ao valor do PIB) mudou de patamar. Em 2011, passou de 19,3% do PIB na série original para 20,6% na revisada.
Economistas consideram que é necessária uma taxa na faixa de 23% a 25% por vários anos para ampliar a capacidade produtiva do país e manter um crescimento sustentado do PIB na faixa de 3% a 3,5% ao ano.
Agora, essa "meta" da taxa tem também de ser corrigida para cima, diz Gilberto Braga, economista do Ibmec.
Desde 2010, o IBGE incorpora novas recomendações metodológicas das Nações Unidas, de 2008, para o cálculo do PIB, que inclui ainda um maior detalhamento e desagregação por subsetores da produção dos setores de serviços e construção civil.