Investidores ficam céticos sobre emergentes
Problemas políticos e econômicos provocam fuga de mercados como Brasil e Rússia
Na Rússia, são os assassinatos e a guerra. No Brasil, um escândalo de corrupção pode tirar a economia dos trilhos. E, na Turquia, o presidente do país ataca o presidente do banco central.
Os mercados emergentes, até não muito tempo atrás vistos como ingrediente necessário nas carteiras de investimento, recentemente se tornaram mais tóxicos, em razão de problemas políticos e de tropeços econômicos que levam alguns investidores a reavaliar suas escolhas.
A marcha de alta contínua do dólar e a crescente aceitação de que o Fed (o banco central dos EUA) em breve aumentará a taxa de juros são outros agravantes.
As moedas dos emergentes, um termômetro do humor dos investidores, estão sofrendo as consequências. A lira turca e o real estabeleceram suas marcas mais baixas diante do dólar em anos, e o rublo russo continua volátil.
"Você está vendo todas as más notícias nos mercados emergentes, os fatores que originalmente os classificavam como abaixo do grau de investimento", disse Daniel Tenengauzer, especialista em mercados emergentes do Royal Bank of Canada.
Além das questões políticas e econômicas, existem vulnerabilidades mais profundas, e os analistas consideram que elas se tornarão mais agudas à medida que o dólar ganhe valor.
Tenengauzer destaca como, nos últimos cinco anos, os emergentes elevaram sua carga de dívidas, enquanto os desenvolvidos fizeram o oposto. Esse endividamento, em dólares, foi liderado por empresas que aproveitaram a busca de investidores por alto rendimento.
Quando as moedas desses países estavam fortes, essa estratégia fazia sentido. Mas, quando o oposto é verdade, os investidores levam seu dinheiro para outros mercados e as dívidas em dólar que esses países acumularam se tornam mais difíceis de pagar.