Empresário ainda é poderoso, afirma Medeiros
Os problemas de Law Kin Chong com a polícia começaram em 2002, quando foi flagrado em interceptações telefônicas da Operação Anaconda da PF, que apurou esquema de venda de sentenças judiciais. O caso culminou em uma CPI, aberta em junho de 2003 e presidida pelo então deputado federal Luiz Antonio de Medeiros.
Durante as investigações, o advogado Pedro Lindolfo Sarlo, que à época representava Law, intermediou uma reunião do empresário com Medeiros.
No encontro, Law foi flagrado oferecendo US$ 1,5 milhão para que Medeiros "aliviasse" sua situação na CPI. A reunião foi filmada.
Law foi preso em junho de 2004. À Justiça sua defesa afirmou que Medeiros pediu US$ 3 milhões para retirá-lo do relatório da CPI e que o empresário se mostrava disposto a pagar metade. A gravação, segundo a advogada de Law, foi manipulada para comprometê-lo, e não o deputado.
"Quando fui investigar o Law, a PF me disse: 'Olhe, ele vai tentar te comprar'", afirmou Medeiros. "Essa é a prática dele. Compra policiais, promotores, juízes. Compra todo o mundo."
"Comuniquei [o contato] à PF e armamos um esquema para pegá-lo. Fiz uma negociação com ele para prendê-lo em flagrante. Era o único jeito que tinha. Toda a gravação fui eu que fiz com a PF."
Segundo Medeiros, Law teria contratado uma agência de publicidade e adulterado o conteúdo do filme para inverter a situação.
"Ele semeou a dúvida na opinião pública sobre se eu realmente o tinha prendido ou o chantageado."
Law foi condenado a quatro anos de prisão por corrupção ativa pela Justiça Federal. Saiu da cadeia em 2008, e o caso continua em andamento. "Ninguém ouve mais falar em combate ao contrabando. Há quase um silêncio absoluto, nunca teve tanto [contrabando] no país. Não sei por que parou, mas Law continua sendo um homem muito poderoso", disse Medeiros. (JW E CR)