Mercado aberto
MARIA CRISTINA FRIAS cristina.frias@uol.com.br
Decisão do Fed dá tempo para ajuste ao Brasil, dizem economistas nos EUA
Economistas em bancos nos Estados Unidos afirmam que o Brasil deve aproveitar enquanto o Federal Reserve (Fed, o BC norte-americano) demora a subir a taxa de juros do seu país para fazer o ajuste nas contas públicas.
"Economias emergentes, como a do Brasil, que estão fazendo uma reforma estrutural, ganharam tempo para fazer esses ajustes", disse Ellen Zentner, diretora e economista-chefe do banco Morgan Stanley, em seu escritório em Nova York.
Para Zentner, quanto mais tarde o Fed subir juros, mais forte tenderá a ser o ritmo em que a elevação se dará.
Reunida na semana que passou, a autoridade monetária norte-americana retirou da ata a palavra "paciência" e sinalizou que não há pressa em iniciar o ciclo de alta.
Um dos impactos positivos da decisão de manter os juros em zero se dá sobre o câmbio no Brasil. Pode ajudar a segurar parte da desvalorização do real, que pressiona a já alta inflação.
O Citi manteve a sua expectativa de que o primeiro movimento do Fed será apenas em dezembro.
Para Guillermo Mondino, economista-chefe do banco, em entrevista em sua sede em Nova York, a presidente do Fed, Jane Yellen, vem dando importantes e bem-vindos sinais para os emergentes.
"Apesar do Fed poder estar desconfortável com a taxa a zero, está mais claro que quer estar absolutamente certo de que não estará se movendo cedo demais", disse.
"Ele precisa ver sinais de que a inflação nos EUA [hoje em 1,5%] convergirá para a meta [de 2%] antes de agir. Não parece que isso ocorrerá em dois ou três meses."
Mondino avalia que também ficou evidente que o Fed fará uma comunicação clara de seu propósito com boa antecedência e de como o processo continuará.
"A menos que vejamos dados muito problemáticos, é muito improvável que os juros subam em junho."
Os mercados emergentes terão mais tempo para "limpar a casa para o inevitável processo de normalização da política monetária." Quanto melhor estiver a economia nos emergentes, antes da ação do Fed, melhor absorverão o desafio que poderão ter.
"O Brasil deverá [quando o Fed se mover] estar bem avançado em sua consolidação fiscal e o Banco Central deverá ter acabado o ciclo de altas da Selic. Entregar essa política segue como o maior desafio das autoridades."
MERCADO DIVIDIDO
Bancos americanos continuam a divergir quanto ao mês em que o Federal Reserve encerrará o atual ciclo. Alguns afirmam que será em setembro, outros não veem razão para que ocorra antes de dezembro, como o Citi.
Para economistas do Bank of America Merill Lynch, o movimento inicial de alta de juros será em setembro. O banco central dos EUA reduziu a expectativa de inflação de curto prazo e endossou um ritmo mais gradual de altas.
"Nos mantemos confortáveis com a nossa estimativa para setembro", afirmou em relatório. "Se há risco é de uma maior probabilidade de alta ainda mais tardia."
Quanto ao ajuste no Brasil, economistas do banco se disseram "confiantes de que ele será feito". A atividade econômica mais fraca e a falta de apoio do Congresso são os maiores riscos, apontaram.
ORÇAMENTO APERTADO
O custo de vida na região metropolitana de São Paulo registrou uma alta de 1,26% em fevereiro, em relação ao mês anterior, segundo pesquisa da FecomercioSP.
Foi a maior evolução mensal desde o início da série, em dezembro de 2010.
Os segmentos de educação e transportes foram os maiores responsáveis pelo crescimento, com avanço de 6,39% e 1,64%, respectivamente.
No caso do transporte, o aumento da tributação sobre o combustível, anunciado em janeiro pelo governo, influenciou de forma significativa na categoria e fez com o que o produto fosse o responsável por mais da metade da inflação no mês, segundo o relatório da entidade.
Os preços dos transportes acumularam nos dois primeiros meses de 2015 uma alta de 3,32%. No mesmo período de 2014, o total era de 0,43%.
As classes B e A foram as mais impactadas pela alta no custo de vida no mês passado, com avanços de 1,48% e 1,42%. Nos 12 meses encerrados em fevereiro, o índice acumulou alta de 6,95%.
PREPARATIVOS EM CUBA
A rede de hotéis Accor está com um projeto de expansão em Cuba.
A companhia tem contratos fechados para operar dois empreendimentos que estão em construção no país, um em Havana e outro na ilha de Cayo Coco.
Juntos, os novos hotéis --de propriedade do governo cubano-- vão demandar US$ 130 milhões (aproximadamente R$ 420 milhões na cotação atual).
A empresa também projeta levar a marca Ibis para o país e entrar em cidades secundárias e terciárias. Hoje, ela administra três unidades --uma em Havana e dois resorts em Varadero.
A companhia espera sair na frente da concorrência quando outras companhias entrarem no mercado em decorrência da reaproximação de Cuba com os EUA.
"Operar lá é muito diferente. A forma de pagamento dos salários, por exemplo, é distinta, assim como a de adquirir suprimentos, que requer um planejamento maior", diz o diretor de desenvolvimento de novos negócios para Américas e Caribe, Abel Castro.
"Teremos uma vantagem importante aí. Os entrantes --e já tiveram empresas americanas que mostraram interesse-- terão de se adaptar", afirma o executivo.
"O país vai mudar de patamar assim que facilitar a entrada dos americanos", acrescenta Castro.
US$ 130 milhões
estão sendo injetados nos novos hotéis que a rede irá administrar em Cuba
550
é o número de quartos do hotel que está em fase de instalação em Cayo Coco; o empreendimento terá a bandeira Pullman
200
serão os quartos da unidade de Havana, que será da marca Sofitel So
Matéria... O volume de insumos químicos importados subiu 7,5% em fevereiro, na comparação com o mesmo mês de 2014, segundo a Abiquim (entidade do setor). O consumo interno ficou estável, com variação de 0,6%.
...de fora Com a valorização do dólar, a associação estima que os desembarques vão diminuir e, com isso, a indústria nacional poderá ampliar sua capacidade instalada, que ficou em pouco menos de 80% no mês de fevereiro.
Milhagens... O programa de fidelidades Multiplus registrou 27.500 resgates de passagens aéreas para o feriado de Páscoa deste ano. Recife, Florianópolis, Rio de Janeiro e Miami são os cinco destinos mais requisitados.
...do coelho Em 2014, foram 14.700 bilhetes. Os principais trechos solicitados no feriado daquele ano foram São Paulo-Rio e Recife-São Paulo. Os pontos são acumulados em compras no cartão de crédito e em 400 empresas parceiras.
Refresco A Mr. Beer, de franquias de cervejas especializadas, quer chegar a 110 unidades neste ano. Hoje, são 83 em funcionamento no país. Ao menos 20 inaugurações serão no Nordeste, região onde a rede possui nove operações.
Feito no Brasil A Embelleze projeta aumentar os negócios internacionais em 10% neste ano, com foco na Itália e no norte da África. A rede tem cinco filiais fora do país, em Portugal, Estados Unidos, Colômbia, Panamá e Venezuela.
Compras A AD Shopping assinou contrato para assumir a administração do Atrium Shopping, em Santo André, na região metropolitana de São Paulo. Com o negócio, a empresa eleva para 31 o número de empreendimentos sob sua gestão.
Lata A Novelis, empresa do setor de alumínio, terá um novo centro de coleta na região metropolitana de Belém (PA). Será a oitava unidade especializada na compra de latas de alumínio para reciclagem.