Gratificação e abono são saída em ano ruim
Em anos considerados mais difíceis para as negociações salariais, a tendência é crescer o pagamento de reajustes de forma parcelada, a concessão de abonos para complementar a correção dos salários e gratificações que não são incluídas como custo fixo na folha de pagamento das empresas.
"Há várias formas de negociar o reajuste para que o poder de compra do trabalhador não seja afetado", diz João Carlos Gonçalves, secretário-geral da Força Sindical.
Em 2003, considerado o pior ano para as negociações salariais, segundo o Dieese, quase 30% dos 556 acordos feitos previam parcelamento da correção. Nessa ocasião, 58% dos reajustes ficaram abaixo da inflação.
As condições do país são diferentes dessa época, mas a tendência pode ser de, neste ano, haver outras formas de os sindicatos buscarem o aumento. Segundo os técnicos do Dieese, greves também não estão descartadas. "Em períodos de economia mais fraca, as greves tendem a ser defensivas, para manutenção de direitos", diz José Silvestre Prado de Oliveira, do Dieese.
Com crise ou sem crise na economia, as empresas resistem em conceder aumento real, afirma Sérgio Nobre, secretário-geral da CUT. "Arrochar salários não é o caminho. O repasse da inflação é sagrado, e o ganho real ajuda a manter a economia aquecida e as empresas a lucrarem mais."