Ano perdido
Levy prevê 'forte desacelerada' provocada por incertezas de 2014
Ordem no governo é tentar aprovar medidas para garantir retomada do crescimento no fim do ano
Apesar de alívio de não ter havido recessão, Planalto não comemora, pois perspectiva é que PIB encolha em 2015
Apesar do fraco desempenho da economia brasileira no ano passado, o governo respirou aliviado nesta sexta-feira (27) por ter escapado de uma recessão ao final do primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff.
Não houve, entretanto, comemoração. Segundo assessores presidenciais, as perspectivas para 2015 ainda são de um ano de encolhimento da economia do país.
No Rio de Janeiro, o ministro Joaquim Levy (Fazenda) reforçou essa perspectiva de um futuro complicado. Para o chefe da equipe econômica, o desempenho do país no ano passado terá como consequência uma "forte desacelerada" no início de 2015. Segundo Levy, o Brasil passa, neste momento, por uma transição.
A ordem dentro do governo, neste momento, é tentar acelerar a aprovação do pacote de medidas para reequilibrar as contas públicas e montar uma agenda para garantir a retomada do crescimento da economia já no fim deste ano.
Ao defender os ajustes no Orçamento, Levy afirmou que o país "vai descobrir daqui a alguns meses, e a gente já tem algumas indicações, que a economia deu uma desacelerada forte no começo do ano porque havia uma série de questões".
A maior delas, segundo ele, era a incerteza que havia na virada do ano.
COPA
Para Levy, a freada na atividade econômica no ano passado refletiu, em boa parte, a desaceleração registrada no segundo trimestre.
A realização da Copa do Mundo também foi citada pelo ministro com um dos fatores que influenciaram a economia no ano passado.
"Empresas pararam, deram férias, e a economia trabalhou em um nível mais baixo enquanto tinham os jogos. Isso influenciou o ano inteiro", afirmou.
Ele apontou que houve um resultado especialmente fraco dos investimentos e disse que agora "há um esforço para que a gente veja na segunda metade do ano uma recuperação".
O ministro usou a neces- sidade de retomar os investimentos para defender os ajustes fiscais que ele tenta executar.
PAUSA
Em nota, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirmou que o resultado do PIB de 2014 confirmou a pausa no crescimento econômico no ano e indica uma evolução desfavorável da atividade econômica no curto prazo.
Tombini defendeu que, mesmo assim, os ajustes propostos pela equipe econômica da presidente Dilma Rousseff tendem a "construir bases mais sólidas para a retomada da confiança e do crescimento econômico".
Na nota, o presidente do BC afirmou que a revisão das estatísticas revelou um quadro de maior expansão da atividade econômica desde 2012, de participação mais elevada do investimento na economia e de melhores indicadores de solvência do país.