Importações caem, e país tem primeiro superavit de 2015
Com queda de 18% nas compras do exterior, balança tem saldo positivo de US$ 458 milhões em março
Crise econômica e queda do petróleo derrubam importações; exportações não se beneficiam do câmbio e caem 17% em um ano
Com a importação caindo em ritmo superior ao da exportação, o país registrou em março o primeiro superavit comercial do ano, de US$ 458 milhões, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
Foi o maior saldo para o mês desde 2012. As importações caíram 18,5% no mês passado, em comparação com março de 2014.
Em meio ao fraco desempenho da economia doméstica, houve queda generalizada nas compras internacionais, mas o destaque foi para o recuo de 26,5% das importações de combustível e de lubrificantes --reflexo da retração da cotação do petróleo no mercado global.
A despeito do encarecimento do dólar, as exportações brasileiras seguiram em queda em março. Elas somaram US$ 16,9 bilhões no mês, redução de 16,8% em um ano.
A pauta de exportação brasileira é fortemente dependente de produtos básicos, com baixo valor agregado, que têm passado por um ciclo de desvalorização.
A queda no preço desses produtos, como minério de ferro, soja e petróleo, justifica em grande parte a queda no valor das vendas do país.
Segundo Herlon Brandão, diretor de Estatística e Apoio à Exportação do Mdic, essa tendência, que se intensificou no segundo semestre de 2014, deve permanecer forte na primeira metade do ano.
Segundo ele, o dólar alto, que desencoraja importações e melhora a rentabilidade de exportadores, deve mitigar um pouco o efeito da queda dos preços. Esse efeito do câmbio, porém, ainda não repercutiu na exportação.
Por mais que o volume exportado de alguns produtos básicos tenha crescido, a redução dos preços tem derrubado o valor que o Brasil recebe por essas exportações, afetando em cheio o saldo comercial do país.
De janeiro a março, o Brasil exportou US$ 18,4 bilhões em produtos básicos, valor 21% inferior ao registrado no primeiro trimestre de 2014.
Um dos casos mais emblemáticos é o do minério de ferro. Apesar da venda recorde no primeiro trimestre --79 milhões de toneladas--, a queda pela metade da cotação do produto derrubou o valor exportado em cerca de 50%.
PETRÓLEO
A queda na cotação do petróleo e seus derivados também tem impactado a balança comercial brasileira, mas de formas antagônicas.
O volume exportado do produto aumentou 87,8% neste trimestre. Mas, como o preço também tombou quase pela metade, o valor exportado caiu 5,8%.
No entanto, como o país importa mais do que exporta derivados do petróleo, a baixa cotação acabou favorecendo o saldo comercial.
A baixa atividade econômica e a menor disposição da indústria de se equipar também explicam a redução das importações. No primeiro trimestre, houve queda de 11% nas compras de bens de capital (máquinas e equipamentos) e 10% de insumos.