Conselho da Petrobras tem disputa acirrada
Associação de investidores, de um lado, e Bradesco, de outro, duelam por duas cadeiras em colegiado da estatal
Estrangeiros, que apoiam a Amec, temem influência de fundos de pensão e relação do banco com o governo
Está em curso uma disputa pelas duas vagas de representantes dos acionistas minoritários no conselho de administração da Petrobras.
De um lado, está a Amec (Associação de Investidores de Mercado de Capitais), com apoio dos fundos estrangeiros. Do outro, a Bram, gestora de recursos do Bradesco.
Ambos apresentaram candidatos para o conselho da petroleira, que será eleito na próxima assembleia, marcada para o dia 29. Pela lei, qualquer minoritário tem direito de indicar representantes.
Nesta segunda-feira (13), um grupo de 14 fundos internacionais, que investem € 1 trilhão ao redor do mundo, enviou uma carta para a Petrobras endossando os nomes da Amec.
Segundo a Folha apurou, o receio dos estrangeiros é que a Bram tenha sido influenciada pelos fundos de pensão estatais, que estão impedidos de votar por sua relação com o governo.
Também preocupa a relação do Bradesco com o governo, já que o ministro Joaquim Levy (Fazenda) foi presidente da Bram.
A gestora de recursos não quis comentar e informou em nota que "exerceu seu direito de indicar nomes para o conselho por considerar importante para a governança da Petrobras".
"Os nossos nomes serão 100% independentes. A questão é se os outros terão a mesma independência", disse André Gordon, vice-presidente da Amec.
PRESSÃO
Os acionistas minoritários não têm poder para barrar as decisões do governo, que é o controlador da Petrobras. Mas têm sido vocais em pressionar e reclamar do que consideram ingerência indevida nos negócios da empresa.
Até 2013, os representantes dos acionistas minoritários no conselho da Petrobras costumavam ser empresários, eleitos com os votos dos fundos de pensão estatais Previ, Petros e Funcef.
Já fizeram parte do colegiado Jorge Gerdau, da siderúrgica Gerdau, e Josué Gomes da Silva, da Coteminas. Na maioria das vezes, eles votavam em linha com o governo.
Nas duas últimas eleições, os minoritários elegeram representantes próprios: Mauro Cunha, presidente da Amec, e José Monforte, especialista em governança corporativa.
Para a eleição marcada para o dia 29, todos os nomes indicados pelos minoritários são considerados de perfil técnico pelo mercado.
Com o apoio da Amec, concorrem Walter Mendes, ex-presidente da entidade, e Guilherme Affonso, conhecido por seu ativismo nos conselhos em que atuou como Pão de Açúcar e Unibanco.
Já a Bram indicou Eduardo Gentil, ex-presidente da Visa e ex-diretor em diversos bancos, e Otavio Yazbek, advogado especialista em mercado de capitais.