Energia dá trégua, mas prévia da inflação vai a 8,24% em 12 meses
IPCA-15 desacelera de 1,07% em abril para 0,6% em maio, com menor peso de tarifa e gasolina
Taxa anual é a maior desde janeiro de 2004; no mês, alimentos sobem 1,05% e têm o maior impacto no índice
O IPCA-15, considerado a prévia da inflação oficial, fechou o acumulado em 12 meses encerrados em maio em 8,24% e rompeu em quase dois pontos percentuais o teto da meta. Trata-se do maior valor para o período desde janeiro de 2004, informou o IBGE nesta sexta-feira (22).
Os preços administrados, que são os controlados pelo governo, como combustíveis e energia elétrica, foram os principais vilões da inflação no início do ano. Em maio, contudo, começaram a dar trégua, porque já passaram pelo seu período de reajustes.
O aumento mais leve nesses preços contribuiu para a desaceleração do IPCA-15 quando considerado apenas o mês de maio, de 0,60%. Em abril, a alta fora de 1,07%.
O indicador no acumulado em 2015, de 5,23%, está acima do centro da meta de inflação do governo para todo o ano, que é de 4,5%.
O IPCA-15 mede a variação de preços no intervalo entre os dias 14 do mês de referência e do anterior. O IPCA analisa o mês cheio.
A energia elétrica teve alta de 1,41%, ante 13,02% de abril. O resultado forçou a desaceleração do grupo Habitação, que teve alta de 0,85%, após ter subido 3,66% em abril.
O grupo de produtos da categoria Transportes teve queda de 0,45%. Dentro do segmento, os combustíveis recuaram 0,83%, e a gasolina, especificamente, caiu 0,63%.
Economistas já falam que a desaceleração da economia e a alta do desemprego farão com que a inflação do ano possa ser menor que o esperado, principalmente para bens de consumo duráveis --móveis e eletrodomésticos-- e para os serviços.
Com renda mais baixa, as pessoas devem mudar seus padrões de consumo. Analistas estimam uma inflação de 8% a 8,2% no ano.
O grupo Saúde e Cuidados Pessoais foi o que mais subiu, com alta de 1,79%. Os produtos farmacêuticos, que são remédios e cosméticos em geral e integram o grupo, subiram 3,71% no período.
No entanto, o grupo com maior impacto foi Alimentação e Bebidas, de 0,26 ponto percentual no IPCA-15 de maio e alta de 1,05%.
TOMBINI
O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, disse nesta sexta, no Rio, que a política fiscal mais restritiva vai facilitar o trabalho da autoridade monetária de reduzir a pressão inflacionária.
"Temos visto progressos em relação às expectativas de inflação. Esse progresso é bem-vindo, mas não é suficiente para atingir a meta de 4,5% em 2016", disse Tombini, sinalizando que a taxa Selic pode voltar a subir.