Procura por título de cem anos da Petrobras bate oferta
Estatal volta a emitir papéis no exterior, após crise de Lava Jato e de balanço
Com emissão de títulos, as operações de crédito da companhia somam aproximadamente R$ 42 bilhões neste ano
Os títulos da Petrobras para captação no exterior geraram apetite cujo volume supera quatro vezes o emitido. No total, investidores manifestaram interesse em comprar US$ 13 bilhões dos papéis, mas a estatal decidiu captar US$ 2,5 bilhões.
Depois de um ano fora do mercado global de títulos, a estatal realizou a captação no exterior com a emissão de Global Notes que vencem daqui a cem anos.
Os papéis da estatal oferecem juros de 8,45% ao ano.
"É um volume grande, com potencial para influenciar a cotação [do dólar], sim", afirmou Julio Hegedus, economista-chefe da consultoria Lopes Filho.
O documento foi disponibilizado pela SEC (Securities and Exchange Commission), agência que regula o mercado de bens imobiliários dos Estados Unidos.
Segundo pessoas próximas à operação, não há títulos ativos de empresas em dólar com vencimento em cem anos em toda a América Latina --recentemente o governo mexicano vendeu títulos com vencimento em cem anos, mas a operação foi em euro.
A operação da Petrobras está a cargo de dois bancos estrangeiros, o Deutsche Bank e o JP Morgan.
A última captação no mercado de títulos emitidos no exterior pela Petrobras ocorreu no ano passado, antes dos desdobramentos da Operação Lava Jato terem interferido na divulgação de seus resultados financeiros.
No pregão desta segunda-feira (1º), o negócio não teve impacto significativo nas ações da estatal. A ação preferencial subiu 0,32%, para R$ 12,37. O papel ordinário da companhia ficou estável em R$ 13,25.
Com a emissão de títulos desta segunda-feira, as operações de crédito da Petrobras somam cerca de R$ 42 bilhões em 2015.
A petroleira já havia recorrido ao Banco de Desenvolvimento da China, aos estatais Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal e ao Bradesco, além de uma instituição financeira para quem venderá plataformas.
A empresa também deve emitir, nas próximas semanas, títulos no mercado brasileiro, em volume que pode ficar entre R$ 3 bilhões e R$ 4,05 bilhões.