Airbus adapta avião para a ponte aérea
Mudanças no A320 Neo permitirão que aeronave aterrisse cheia no Santos Dumont e faça frente aos Boeing-737/800
Modelos hoje só podem descer no aeroporto do Rio se não estiverem lotados, em razão do tamanho curto da pista
Em reação à principal concorrente, a Airbus mudará um dos seus mais bem-sucedidos aviões para levar mais passageiros em rotas para o Santos Dumont (RJ), entre elas a ponte aérea para o aeroporto de Congonhas --trecho mais movimentado do Brasil.
A modificação se dará no A320, com capacidade para até 174 passageiros. Hoje, esse modelo só pode aterrissar no Santos Dumont se não estiver lotado --em razão da pista curta do aeroporto do Rio de Janeiro, 1.323 metros.
Assim, TAM e Avianca só voam na ponte aérea com o A319, menor, com capacidade para até 144 passageiros.
Diariamente, ambas perdem passageiros a cada voo para a Gol, que, em seus Boeing-737/800, pode carregar até 177 pessoas a cada viagem --também graças a uma alteração na aeronave feita especificamente para operações no Santos Dumont, implantada no ano passado.
VANTAGEM
Para igualar a vantagem da concorrente, a Airbus decidiu reagir. A fabricante europeia fez mudanças aerodinâmicas, no motor, nos freios e no software para permitir que os A320 pousem e decolem cheios no aeroporto Santos Dumont --cada aeronave comporta até 174 passageiros, 30 a mais que os A319.
Os primeiros aviões com esse recurso chegarão para a Azul, no fim de 2017, daqui a dois anos e meio. Já são os A320 Neo, nova geração desse tipo de equipamento. A empresa aérea não quis comentar se usará essas aeronaves na ponte aérea.
Agora, a fabricante negocia com TAM e Avianca a adaptação dos A320 Neo já encomendados por ambas, de modo a antecipar o início em operação da nova versão, batizada internamente de "Sharp" (Short Airfield Package, ou "pacote para pistas curtas"). A TAM disse que receberá o Neo no ano que vem, mas que não há decisão sobre usar a adaptação para pistas curtas. A Avianca não respondeu.
ROTA RENTÁVEL
A rota Congonhas-Santos Dumont é "crucial" para as empresas aéreas, afirma a Airbus, daí a modificação --trata-se da rota mais rentável do mundo, diz Rafael Alonso, presidente da fabricante para a América Latina.
A ponte aérea levou quase 4 milhões de passageiros pagos em 2013, dado mais recente disponível, afirma a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).
"A demanda no mercado brasileiro pede um avião maior. Com a melhora, podemos elevar a capacidade em 30 assentos e aumentar a receita das empresas", disse Michel Clanet, diretor de vendas da Airbus no Brasil. O custo de desenvolvimento da alteração não foi divulgado.
Clanet diz que a solução foi finalizada no ano passado. Antes de entrar em operação, é preciso autorização das autoridades de aviação europeia (Easa) e brasileira (Anac).