Acordo com Grécia pode sair nesta quarta
Líderes da zona do euro avaliaram como positiva a nova proposta grega para reequilibrar as contas e reduzir dívida
Primeiro-ministro Tsipras, do partido de esquerda Syriza, propôs alta de tributo e corte de benefícios sociais
O acordo para evitar o calote da Grécia avançou e pode ser selado nesta quarta-feira (24), anunciaram os líderes da zona do euro.
Depois de quatro horas de reunião em Bruxelas, os chefes dos países do bloco avaliaram como positiva a nova proposta grega; faltam detalhes técnicos com os credores para ser aceita e ratificada.
"Um resultado pode ser apresentado na quinta [25] pela manhã", afirmou o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk. "Nós avançamos e todos os lados estão comprometidos em buscar solução", ressaltou. Já o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, disse estar "convencido" de que a negociação vai ser "finalizada" nesta semana.
A ideia é que os ministros de Finanças da zona do euro se reúnam na quarta à noite para definir o assunto antes de quinta, quando começa um encontro de dois dias, sobre outros temas, entre os líderes da União Europeia.
Depois de dias de conversas frustradas, lideranças se encontraram para analisar a proposta feita no domingo (21) pela Grécia para pagar uma dívida de € 1,6 bilhão com o FMI que expira no próximo dia 30. Para quitá-la, o país tenta desbloquear € 7,2 bilhões, a última parte do socorro de € 240 bilhões recebido de FMI e BCE (Banco Central Europeu) desde 2010.
Sob risco de o país ser obrigado a sair da zona do euro e com o prazo se esgotando, o governo grego cedeu e apresentou um pacote que aumenta a arrecadação em € 8 bilhões até o fim de 2016. A proposta inclui mais tributação e reforma na Previdência, como queriam os credores.
A reunião contou com a chanceler alemã, Angela Merkel, um dos principais interlocutores das negociações com o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, do partido de esquerda Syriza.
A proposta de Tsipras pode ter resistência na população local, já que ele foi eleito em janeiro com discurso contrário a medidas de austeridade. O premiê afirmou em Bruxelas que era hora para um "acordo viável e substancial" para a Grécia retomar o crescimento na zona do euro.
A Grécia se comprometeu com reformas que devem aumentar a arrecadação em 1,57% do PIB neste ano (€ 2,7 bilhões) e em 2,9% em 2016 (€ 5,2 bilhões).
A principal resistência que o primeiro-ministro Alexis Tsipras terá no seu país será a reforma no sistema previdenciário. Ele prometeu em Bruxelas arrecadar mais 1,1% do PIB (€ 2,5 bilhões) com mudanças no setor. O ponto mais delicado é a redução de benefícios na antecipação da aposentadoria --entre as medidas está o limite de 67 anos para se aposentar em 2025.
A proposta menciona também a arrecadação de € 100 milhões sobre publicidade em TV e reduz em € 200 milhões gastos com Defesa. O governo se comprometeu com superavit primário de 1% em 2015, 2% em 2016, chegando a 3,5% em 2018.
"Vamos ter o apoio da população, porque todos sabem que, pela primeira vez, o governo está negociando, e não aceitando imposições", disse à Folha a deputada Theano Fotiou, do Syriza.