Eurogrupo avalia hoje proposta grega
Ministros das Finanças discutem se reformas oferecidas pela Grécia são suficientes para ceder novo empréstimo
Parlamento grego votou de forma esmagadora a favor das medidas, que preveem corte de gastos e aumento de impostos
Os ministros das Finanças da zona do euro avaliam neste sábado (11) a nova proposta de reformas econômicas enviada nesta quinta (9) por Atenas. No domingo (12), está marcada uma cúpula dos líderes dos 28 países da União Europeia, que decidirão se o país continuará no grupo.
Ao se comprometer com medidas de corte de gastos, aumento de impostos e reforma da Previdência, entre outras, a Grécia tenta obter um novo socorro financeiro, evitar a quebra de bancos e permanecer na zona do euro.
As propostas receberam o aval do Parlamento grego. Em sessão na noite desta sexta (10) --madrugada de sábado na Grécia--, os parlamentares votaram de forma esmagadora no "sim", autorizando o primeiro-ministro, Alexis Tsipras, a negociar com os credores internacionais com base em seu projeto.
Foram 251 votos a favor, 32 contra e 8 abstenções --9 representantes se ausentaram.
Antes mesmo da aprovação do pacote pelo Parlamento, o que fortaleceu ainda mais Tsipras politicamente, já crescia a expectativa de um acordo entre a Grécia e os seus credores no mercado financeiro. As Bolsas europeias fecharam em alta e o euro teve valorização de 1,3% em relação ao dólar.
O presidente da França --maior defensora da Grécia no grupo--, François Hollande, fortaleceu as esperanças de um acordo, classificando o pacote como "sério e crível".
Já o presidente do Eurogrupo, o holandês Jeroen Dijsselbloem, declarou apenas que trata-se de "uma peça abrangente", acrescentando que é preciso analisar a proposta cuidadosamente para concluir se os números fecham.
A Grécia pede € 53,4 bilhões no novo programa de resgate com duração de três anos. A dívida da Grécia chega a € 320 bilhões, ou quase 180% do PIB grego. No dia 30 de junho, o país deu um calote de € 1,6 bilhão no FMI (Fundo Monetário Internacional). Em julho e agosto, terá de pagar € 6,7 bilhões ao BCE (Banco Central Europeu).
REAÇÃO INTERNA
Nas ruas, a maioria da população demonstrava mais resignação do que revolta em relação ao pacote oferecido pelo governo, que, na prática, atendeu a boa parte das reivindicações dos europeus que haviam sido rejeitadas por 61% dos gregos em plebiscito no domingo (5).
Membros do partido comunista, no entanto, protestaram contra as medidas em frente ao Parlamento.
Os bancos gregos, fechados há mais de uma semana, estão perto do colapso. Segundo a agência de risco Moody's, eles podem ficar sem dinheiro a partir de domingo. Sem a perspectiva de acordo, o BCE pode cortar os empréstimos emergenciais ao setor financeiro grego na primeira hora de segunda.
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