BC americano não dá pistas de quando vai elevar taxa de juros
Fed vê melhoras no mercado de emprego, mas inflação baixa ainda é motivo de preocupação
Manutenção da taxa nesta quarta (29) era esperada e dólar recuou 2,3% ante o real, após cinco altas consecutivas
O Fed, o banco central dos Estados Unidos, viu melhoras no mercado de trabalho, mas não deu pistas de quando vai começar a subir a taxa de juros, decisão que é esperada para até dezembro.
A decisão, que pode acontecer já na reunião do mês que vem, é aguardada com ansiedade nos países emergentes (o Brasil é um deles), que vêm sofrendo com a política monetária adotada pelos EUA para conter a crise iniciada há sete anos.
A decisão do Fed de manutenção dos juros próximos de zero –patamar em que está desde 2008– nesta quarta-feira (29), porém, já era esperada pelos mercados. Após cinco altas seguidas e atingir, na véspera, seu maior valor em mais de 12 anos, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, fechou em baixa de 2,28%, cotado em R$ 3,337.
Os mercados emergentes sofrem com o impacto no câmbio provocada pelas decisões americanas. Agora, as moedas emergentes têm se desvalorizado, com o dinheiro de investidores estrangeiros saindo desses países –que têm juros mais altos, mas são mais arriscados– e rumando para os EUA, com taxas menores, mas com maior segurança.
A expectativa é que, com o aumento dos juros pelo Fed, o movimento de desvalorização dessas moedas se intensifique. Anteriormente, porém, com os juros americanos praticamente zerados e, com outras políticas do Fed que tornaram o dinheiro mais barato, essas mesmas divisas viveram anos de valorização, o que era alvo de muitas críticas, porque eram nocivas para as exportações.
O principal motivo para a manutenção dos juros é a inflação, que, segundo o BC, não apresentou a evolução necessária e continua próxima de zero, afetada pela queda nos preços de energia. A meta do Fed é que o índice fique próximo de 2%.
O BC americano já disse que vai iniciar o aperto quando notar avanços no mercado de trabalho e estiver "razoavelmente confiante" de que a inflação estiver no rumo dos 2%.
Se a inflação continua um dilema para o banco central da maior economia global, o emprego vem dando constantes sinais positivos.
A taxa de desemprego ficou em 5,3% no mês passado, a mais baixa em sete anos (chegou a 10% em 2009), e acumula 57 meses seguidos de saldo positivo de criação de postos de trabalho –foram geradas, em média, 202 mil vagas a cada mês no período.