Mercedes diz que inicia demissões no ABC em setembro
Número de cortes não é informado, mas montadora afirma ter excedente de 2.000 funcionários, um quinto do total da fábrica
A Mercedes-Benz, fabricante de ônibus e caminhões, anunciou nesta sexta-feira (7) que vai começar a demitir parte de seus 10 mil funcionários da fábrica de São Bernardo do Campo (SP) a partir de 1º de setembro.
O número de cortes não é divulgado pela empresa e depende, segundo informa, das adesões que serão feitas ao programa de demissão voluntária (PDV), aberto até a próxima sexta (14) para todos os empregados da fábrica.
A montadora confirma ter um excedente hoje nessa unidade de cerca de 2.000 empregados, o que representa um quinto da mão de obra.
O processo de demissão na Mercedes pode ser revisto, segundo a empresa, se o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e os trabalhadores aprovarem a adoção do PPE (Programa de Proteção ao Emprego) –acordo que propõe a redução de salários e jornada em até 30% em troca da garantia do emprego–, além de medidas complementares.
Uma delas, por exemplo, seria a redução do reajuste salarial já negociado para 2016. O acordo coletivo firmado com o sindicato e aprovado pelos trabalhadores prevê o repasse de 100% da inflação nos salários.
"A ociosidade na Mercedes-Benz é superior a 40%, exigindo seguidos replanejamentos do programa de produção na empresa. Mesmo diante de todos esses acontecimentos, a empresa está disposta a adotar o PPE desde que seja combinado com a aplicação reduzida da inflação na data-base de 2016 e outras ações de contenção de custos", informou a empresa em comunicado.
No início de julho, antes de o governo regulamentar a criação do PPE, a empresa e o sindicato negociaram um acordo para diminuir a jornada em 20% e os salários em 10% por um prazo de um ano, em troca de estabilidade aos funcionários. Mas, em votação na fábrica, 73,8% dos 7.559 trabalhadores que colocaram seus votos nas urnas espalhadas pela fábrica rejeitaram a proposta.
O anúncio das demissões ocorre três dias depois de a Mercedes ter paralisado a produção em São Bernardo, dos dia 7 a 21, ao conceder licença remunerada para os 7.000 funcionários da área.
Desde 2014, a montadora já concedeu férias coletivas, lay-off (suspensão do contrato de trabalho), licença remunerada e semana reduzida (com quatro dias) para adequar a produção à queda nas vendas, que se acentuou com a crise econômica.
A retração é de 44% no segmento de caminhões e de 29% no de ônibus entre janeiro e julho deste ano ante igual período de 2014.
A Folha não localizou os representantes do sindicato para comentar as demissões.