Dólar bate R$ 3,818 com dúvida sobre Levy
Reunião com Dilma, Barbosa e Mercadante acalmou ânimos e moeda terminou o dia estável, negociada a R$ 3,76
Bolsa segue mercados externos e tem alta de 1,94%; juros recuam após estresse com reunião do Copom
Dúvidas em torno da permanência do ministro Joaquim Levy à frente do Ministério da Fazenda levaram o dólar a bater em R$ 3,818 nesta quinta (3), mas o avanço da cotação perdeu força após a presidente Dilma Rousseff convocar uma reunião para mostrar unidade na equipe (leia mais sobre a crise política no caderno "Poder").
Reportagem publicada pela Folha revelou que o ministro procurou na véspera a presidente Dilma Rousseff e seu vice, Michel Temer, para reclamar de isolamento e falta de apoio no governo, pondo em dúvida sua permanência no cargo.
No início da tarde, Levy cancelou a viagem à Turquia, para a reunião de ministros das Finanças e presidentes de banco centrais do G20, para ir à reunião convocada por Dilma com os ministros Nelson Barbosa (Planejamento) e Aloizio Mercadante (Casa Civil). À noite, mudou de ideia e decidiu embarcar.
BLINDAGEM
"O mercado entendeu a reunião como uma tentativa de Dilma de reforçar a credibilidade de Levy, fazendo com que ele tenha mais voz ativa", disse Lauro Vilares, analista da Guide.
Para Julio Hegedus, economista da Lopes Filho, a presidente tentou "blindar" o ministro da Fazenda. "Ela sabe que o ministro é bem-visto no mercado e não pode mais tomar decisões equivocadas. Por isso, quer segurar Levy."
Embora o apoio de Dilma tenha sido bem-visto, a permanência de Levy à frente da pasta ainda deve continuar em xeque, caso o ministro enfrente novas resistências às medidas de ajuste fiscal, segundo Fernando Aldabalde, da gestora Áquilla Asset.
Depois de ter subido até 1,49% durante o dia, o dólar comercial (comércio exterior) fechou praticamente estável em R$ 3,76, com leve queda de 0,05%. Já o dólar à vista (mercado financeiro), que fecha mais cedo (15h), subiu 0,98% e terminou o dia a R$ 3,783. É o maior valor desde 12 de dezembro de 2002, quando valia R$ 3,791 (hoje seriam R$ 6,23).
No exterior, o dólar subiu sobre 17 das 24 principais moedas emergentes do mundo, segundo a Bloomberg.
O movimento lá fora refletiu o desaquecimento da economia chinesa e sinais de fortalecimento dos EUA, o que pressiona por uma alta de juros e estimula a saída de recursos nos emergentes.
AÇÕES EM ALTA
No mercado de ações, o principal índice da Bolsa fechou no azul, seguindo o humor dos mercados internacionais. O Ibovespa subiu 1,94%, para 47.365 pontos. As ações preferenciais (sem voto) da Vale tiveram alta de 4,25%.
A decisão do Banco Central de manter os juros básicos (Selic) em 14,25% segurou as projeções para as taxas. Os juros para janeiro de 2016 recuaram de 14,355% para 14,30% ao ano. As taxas para 2025, que foram a 15% na quarta (2), recuaram a 14,7%.