Foco
Cresce o número de fundos que investem em fornecimento de água
Escassez do produto, principalmente nos oeste dos EUA, atrai milhões de dólares a projetos de extração e distribuição de água
A água é o recurso escasso que definirá o século 21, como o petróleo abundante definiu o século passado
Scott Slater contempla da janela de um avião o principal ativo de sua companhia –13,6 mil hectares de terras no deserto do Mojave, com bilhões de galões de água fresca aprisionados por sob a areia e a vegetação rasteira.
Sua empresa, a Cadiz, ainda não ganhou um centavo com a água. Serão necessários pelo menos mais US$ 200 milhões para escavar poços, filtrar a água e transportá-la por 70 km de deserto em um novo aqueduto até o sedento sul da Califórnia.
"Investir no setor de água é uma das grandes oportunidades das próximas décadas", disse Matthew Diserio, da Water Asset Management, empresa que é grande investidora na Cadiz. "A água é o recurso escasso que definirá o século 21, mais ou menos como o petróleo abundante definiu o século passado."
Até agora, porém, a Cadiz acumulou US$ 185 milhões em prejuízos, e a receita dos limoeiros e vinhedos que ela controla no Mojave mal representa uma garoa: US$ 7,1 milhões de 2005 para cá.
"É um jogo duro", disse John Dickerson, presidente-executivo da Summit Global Management, companhia que investe em empresas de infraestrutura de água, distribuidoras locais e em direitos sobre a água, tanto nos EUA quanto no exterior.
Há obstáculos em profusão, a começar por autoridades regulatórias céticas, clientes cautelosos e grupos ambientalistas implacáveis contra esse tipo de projeto.
Alguns projetos estão, por fim, próximos de render frutos. Perto de San Diego, a Poseidon Water, uma empresa de capital fechado, está a ponto de colocar em ação uma usina de dessalinização.
O primeiro retorno sobre o investimento que a empresa planeja oferecer só acontecerá no ano que vem. Mas, para as pessoas com um horizonte de tempo longo, a água pode um dia se provar um bom investimento.
Disque Deane Jr. veterano de Wall Street que comanda a Water Asset Management, diz que o líquido será "uma categoria de ativos que constará de carteiras de investimento, em companhia de ações de companhias de saúde, de energia ou de imóveis".
A companhia deles agora administra mais de US$ 500 milhões em capital, e seu principal fundo apresenta resultados superiores aos padrões do mercado mundial.
Os ativos da Impax Asset Management, de Londres, cujo foco também é a água, dobraram para US$ 1,8 bilhão nos dois últimos anos.
Muitos investidores estão em busca de maneiras menos arriscadas de ganhar dinheiro com a água. Em lugar de enfrentar batalhas dolorosas sobre os direitos de água ou desenvolver novas fontes de suprimento, investidores como Simon Gottelier, da Impax, estão se concentrando em empresas que fornecem infraestrutura para empresas de água e usuários industriais, e não na água em si.
Boa parte do dinheiro que acorre ao caixa da Impax provém de investidores institucionais da Europa, onde sistemas de água operados com fins lucrativos têm um longo histórico, em contraste com os Estados Unidos.