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Marinheiros turcos vivem entre ratos e baratas em barco atracado em Vitória
Dois marinheiros turcos passam os dias em meio a ratos, baratas e comida vencida em um cargueiro atracado desde janeiro, em Vitória (ES). Para sobreviver, eles dependem da doação de água e alimentos pela população local.
Segundo os tripulantes, a empresa dona da embarcação não paga os salários há quase dois anos, e o caso está parado na Justiça do Trabalho. Sem dinheiro, o barco perdeu as condições para navegar.
O Iron Trader partiu da Turquia, no fim de 2013. Com nove pessoas –cinco turcos, três russos e um sírio–, passou por cinco países.
"O dono do navio sempre prometia nos pagar. De promessa em promessa chegamos ao Brasil", diz o engenheiro chefe do Iron Trader, Adnan Menderes, um dos dois tripulantes restantes.
Com bandeira panamenha, o navio pertence a um armador turco, o Iron Group Inc., que não foi encontrado pela reportagem, que visitou a embarcação.
No litoral do Espírito Santo, a Codesa (estatal proprietária do cais) disse, em nota, que o Iron Trader atracou em Vitória "por questão humanitária" e com anuência das autoridades –a PF incluída.
Segundo a companhia, a dívida com a estadia da embarcação no Estado somava R$ 623 mil em 15 de setembro.
Em salários, de acordo com o advogado Nikolai Krassitschkov, que representa a tripulação, o débito é de R$ 967 mil. Calcula-se que a sucata do navio valha entre R$ 1,1 milhão e R$ 1,9 milhão. Dependendo do negócio, não será possível atingir o total de dívidas de estadia e salários atrasados –R$ 1,6 milhão.
"Eu não vejo a hora de voltar para casa, mas não posso sair daqui sem meus salários", conta Menderes.