Entrevista Joaquim Levy
Sem CPMF, opções vão causar maior impacto na inflação
Ministro da Fazenda diz que Cide não está descartada, mas que momento é impróprio
O ministro Joaquim Levy (Fazenda) diz que a alternativa a uma não aprovação pelo Congresso da CPMF seria o aumento de "outros impostos", que, em sua avaliação, teriam maior ônus para a economia. Mas considera "menos provável" o cenário de a contribuição não passar.
Levy buscou evitar críticas ao Congresso. "O tempo parlamentar não é linear, não adianta ficar nervoso."
Durante a entrevista, o ministro montou um aviãozinho de papel. Ao final, a reportagem perguntou se podia testar sua "engenharia". O modelo de Levy voou pela sala e ele, sorrindo, disse: "A nossa engenharia aqui funciona".
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Folha - Até o setor produtivo reclama da falta de uma agenda microeconômica para destravar o crescimento.
Joaquim Levy - Nós apresentamos uma agenda de cooperação legislativa para o crescimento, para que haja melhores projetos [de investimento], tanto para o que é construído pelo governo quanto para as concessões. Você tem que facilitar também a execução dos investimentos.
A agenda de desenvolvimento é garantir as condições para o crédito crescer, para que os contratos de governo não sejam do tipo 'vamos entrar aí e a gente negocia na frente com sobrepreço'.
Mas essa agenda não está avançando no Congresso...
O tempo parlamentar não é linear. Não adianta às vezes você ficar nervoso, tem de ter paciência.
A elevação da Cide é uma alternativa?
Ela não deve ser descartada nunca, mas é preciso ter cuidado, inclusive em relação ao timing. Um reajuste da Cide agora contrata um impacto inflacionário muito significativo. A CPMF, na minha avaliação, é que tem menor impacto.
E se a CPMF não for aprovada?
Esse é o cenário menos provável.
Mas se não for?
Tem uma porção de outros impostos, que vão ter ônus maior sobre a economia. A CPMF tem menos impacto na inflação. É importante que seja provisória, com data para acabar. Enquanto isso você faz outras coisas.
Tudo indica que haverá deficit fiscal neste ano de novo.
A etapa zero é resolver os vetos. A partir daí a gente se engaja na discussão do Orçamento de 2016. 2015 é o ano de transição.
O governo não está adotando a mesma estratégia do primeiro mandato Dilma, de protelar o anúncio de um deficit?
Acho que não, a gente tomou medidas bastante fortes.
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