Crise beneficia nosso negócio, diz brasileiro da Xiaomi
Fabricante chinesa de smartphones aposta em modelos de baixo custo para atrair consumidores
A crise econômica brasileira é um problema para a maioria das empresas, mas a fabricante chinesa de smartphones de baixo custo Xiaomi aposta que os problemas do país serão uma oportunidade.
"Smartphones se tornaram uma necessidade básica. Na crise, o que as pessoas fazem é buscar o melhor custo-benefício, o que favorece nosso modelo", afirma seu vice-presidente, o mineiro Hugo Barra, 38, que está na empresa desde 2003, após deixar uma vice-presidência no Google.
Neste mês, Hugo Barra ainda ficou em 14º na lista "40 abaixo de 40", da revista "Fortune", que lista os nomes dos jovens mais influentes do mundo dos negócios.
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Folha - Como a crise econômica do país impactou os planos de vocês aqui?
Hugo Barra - Não mudou nada, a gente tem um plano sólido, de muitos anos. De certa forma, nossa empresa e nosso modelo se beneficiam bastante de uma situação econômica de deterioração porque as pessoas controlam mais o orçamento.
Como os smartphones hoje são quase uma necessidade básica, nosso modelo se beneficia da desaceleração econômica. O nosso modelo de vender o produto direto para o cliente final, pela nossa plataforma, torna o produto mais barato e é uma grande vantagem sobre os rivais.
Como vocês fizeram para manter o preço dos celulares baixos mesmo com a alta expressiva do dólar? Estão operando com prejuízo aqui?
Nós trouxemos os primeiros lotes importados assim como os componentes para fabricação local em um patamar de dólar que nos permitiu manter o preço final do Redmi 2. Nós temos como premissa transferir toda e qualquer eficiência ou economia para nossos consumidores finais. Portanto, mantivemos o preço, porque podíamos fazê-lo, em vez de subir tendo como justificativa a alta do dólar.
Para o Redmi 2 Pro, aplicamos a mesma fórmula que temos no mundo todo: alta tecnologia com preço justo.
Qual a estratégia de vocês para deixarem de ser uma marca de nicho no Brasil?
A gente ainda nem celebrou nosso terceiro mês de vendas no Brasil. Estamos no começo do começo. Se você olha, por exemplo, nosso Facebook a gente tem um alcance de 5,5 milhões de pessoas, com 150 mil "curtidas" na página. Isso é impensável, pergunta a qualquer analista de mídias sociais. Uma marca que tivesse investido milhões em propagandas de TV não chegaria a esse engajamento.
Recentemente, a "Forbes" noticiou que você recomendou que start-ups não viessem de cara para o Brasil, porque é muito difícil atuar no país e vocês só conseguiram por causa das suas conexões no país.
Aquela pergunta foi totalmente descontextualizada. A pergunta era focada em hardware. Porque há muita empresa de hardware na China e o que eu falei foi especificamente em relação a essas companhias, já que o Brasil tem uma série de leis que dificultam a vida de uma empresa pequena. Nós somos uma empresa grande, tínhamos uma relação com a [fábrica de eletrônicos] Foxconn. Mas uma empresa nova que não tenha essas conexões terá dificuldade de entrar no Brasil devido a essa natureza do mercado, às leis de importação etc.
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