Apoiadores de dois lados festejam em Montevidéu
Eleitor pró-lei da maconha diz que não há volta atrás em legalização
Posição contrária a redução da maioridade penal foi contabilizada por meio de abstenção dos eleitores
O calor de mais de 30 graus que durou quase todo o dia fez com que os habitantes de Montevidéu procurassem as "ramblas" e praias da cidade logo depois de votar.
Bandeiras da Frente Ampla e dos partidos colorado e blanco eram levadas nas janelas dos carros e penduradas nas cadeiras para tomar sol, assim como as tradicionais garrafas de mate.
"Vamos esperar o sol baixar para fazermos algum barulho", disse Alejandra Paz, 32, vestindo camiseta com as cores azul, vermelha e branca da Frente Ampla.
"Vai ter festa, começamos com pouco e devemos ir ao segundo turno", dizia Facundo García, 23, segurando bandeira azul e branca com o nome de Luis Lacalle Pou.
Logo depois de encerrada a votação, começaram a ser ouvidas as buzinas dos que se encaminhavam aos atos de festejo --os três principais partidos tinham palcos armados para a comemoração e havia desvios no trânsito para orientar os que queriam participar das festas. A principal concentração foi na avenida 18 de Julio, a principal da cidade, que se encheu de apoiadores de Vázquez.
"Mujica abriu nossa cabeça e lançou o Uruguai no mundo. O que vem agora é uma nova fase, mas a mudança principal já ocorreu, não seremos mais o mesmo país", disse a eleitora Patrícia Vaz.
No começo da noite, um grupo de jovens fumava maconha na frente do parque Rodó, tradicional ponto de encontro da cidade. Ao lado, um furgão de portas abertas fazia ecoar a música de campanha da Frente Ampla.
"Por mais que esses candidatos que estão aí estejam querendo limitar a lei, o passo inicial foi dado, não há volta atrás", disse Martín, 22, referindo-se ao fato de que tanto Lacalle Pou como Vázquez têm restrições ao modo como a regulamentação da lei da maconha deve ser encaminhado a partir de agora.
Nos semáforos, era grande a procura por boletas de votação. No Uruguai não há voto eletrônico e as boletas são distribuídas pelos partidos. Eleitores escolhiam seus candidatos na lista e colocavam a boleta em um envelope.
Para votar pelo "sim" à redução da idade penal, era necessário apenas escolher boleta com essa palavra estampada. O voto pelo "não" foi feito por abstenção, não havia boleto para esse fim.