Ciência em cima da hora
Morre o matemático Alexander Grothendieck
Considerado um dos maiores do século 20, ele vivia na França e lecionou no Brasil
Morreu nesta quinta-feira (14), na França, o matemático Alexander Grothendieck, considerado um dos maiores do século 20, aos 86 anos.
Grothendieck foi escolhido em 1966 para receber a Medalha Fields --a maior distinção da matemática, ganha neste ano pelo brasileiro Artur Avila. No entanto, ele se recusou a ir a Moscou para receber a medalha por razões políticas.
Apesar de desconhecido do grande público, era uma lenda entre matemáticos. Nasceu em 28 de março de 1928, em Berlim, e era filho de pai anarquista de origem russa e judaica e mãe alemã. Seu pai morreu em Auschwitz. Tornou-se cidadão francês em 1971.
"Foi um gigante cujos trabalhos transformaram toda a matemática", disse Cédric Villani, ganhador da Medalha Fields em 2010.
Em 1944, Grothendieck ingressou na Universidade de Montpellier. Lá conheceu os grandes matemáticos Laurent Schwartz e Jean Dieudonné.
Eles lhe entregaram uma lista com 14 problemas sobre os quais ele poderia trabalhar nos próximos anos e pediram que elegesse um. Para surpresa de seus professores, o estudante voltou a encontrá-los meses mais tarde e entregou os 14 problemas resolvidos.
Após terminar seus estudos, o matemático passou uma temporada na América. Chegou em 1953 ao Brasil, onde lecionou durante dois anos na USP. Depois disso, passou um período nos EUA. Ao voltar à Europa, em 1958, passou a pesquisar no Instituto de Altos Estudos Científicos (IHES), ao sul de Paris.
Grothendieck destacou-se por sua capacidade de generalização e de criar novos pontos de vista em sua área.
Em 1988, quando foi nomeado vencedor do prestigioso Prêmio Crafoord, rejeitou os US$ 136 mil, insistindo que estava satisfeito com seu salário de professor.
De acordo com o diário francês "Le Monde", o matemático vivia havia décadas em um refúgio próximo à vila de Lasserre, na França. Vinha dedicando-se a causas pacifistas e ambientalistas.
O presidente francês, François Hollande, lamentou a morte do matemático, "uma personalidade fora do comum na sua filosofia de vida".