Peña Nieto promete esclarecer suspeita de corrupção no México
Compra de casa de R$ 18 milhões por primeira-dama intensificou protestos enquanto o presidente viajava
Governante também é acusado de omissão no caso do sequestro de 43 estudantes; sede de seu partido sofre ataque
O presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, disse na noite de sábado (15) que o governo dará respostas nesta semana sobre as denúncias que apontam que uma residência de sua família pertence, na verdade, a uma empresa que disputava um contrato do setor ferroviário. Foi a primeira vez que falou sobre o caso.
Ao voltar da Austrália, onde participou do encontro do G20, Peña Nieto prometeu que seu gabinete fornecerá documentos e informações sobre o imóvel para eliminar o que chamou de "afirmações imprecisas e infundadas".
A propriedade fica em Las Lomas, bairro nobre da Cidade do México, e é avaliada em R$ 18,2 milhões. Apelidado de "Casa Branca", o imóvel foi projetado sob encomenda para Peña Nieto e sua mulher, a atriz Angelica Rivera.
A viagem do presidente para a reunião do G20 foi duramente criticada em razão da crise no país. Ao longo das últimas semanas, seu governo foi acusado de omissão em diversos protestos motivados pelo sumiço de 43 estudantes no Estado de Guerrero.
Os jovens teriam sido mortos e queimados por policiais e traficantes. Acusados de serem mandantes do crime, o prefeito da cidade de Iguala, José Luis Abarca, e sua mulher estão presos desde o dia 4.
A sede do partido de Peña Nieto, o PRI, foi atacada por manifestantes no sábado. Um dos escritórios foi queimado.
INTERIOR LUXUOSO
O interior da casa do casal presidencial foi mostrado em detalhes pela primeira-dama em matéria de uma revista de celebridades em 2013. O piso é de mármore, e há quartos para os seis filhos do casal.
"Los Pinos [residência oficial da Presidência] nos foi emprestada só por seis anos. Nossa verdadeira casa, nosso lugar é este", disse Rivera.
Documentos apontam que o imóvel está registrado em nome de uma construtora do Grupo Higa. Outra empresa que faz parte do Higa integrou um consórcio, liderado por companhias chinesas, que venceu uma licitação para construir um trem de alta velocidade no México, no valor de R$ 9,3 bilhões.
A suspeita de irregularidade gerou, no dia 6, a suspensão do contrato para a construção do trem. O governo de Pequim se declarou "surpreso" com o cancelamento.