Palestinos matam 5 em ataque a sinagoga
Pior ataque desde 2008 do lado oeste de Jerusalém acontece após cerca de um mês de tensão entre Israel e árabes
Autores foram mortos pela polícia; premiê israelense culpa Hamas e presidente palestino por incitar a violência
Cerca de 25 fiéis da sinagoga Kehilat Bnei Torah de Har Nof, bairro judeu ultraortodoxo da parte oeste de Jerusalém, faziam suas primeiras orações desta terça-feira (18) quando dois primos palestinos invadiram o templo.
Após um deles gritar "Allahu akbar" (Deus é o maior, em árabe), frase normalmente dita por terroristas antes de ataques, eles deram início ao maior atentado contra judeus na cidade desde 2008.
Com disparos de uma pistola e cortes feitos com facas e machadinhas, Ghassan e Uday Abu Jamal mataram cinco pessoas e feriram outras sete, antes de serem mortos por policiais de trânsito que entraram na sinagoga.
A ação acontece após um mês de tensão em Jerusalém, provocada pela chegada de nacionalistas israelenses a um bairro palestino de Jerusalém Oriental e pela série de ataques solitários de árabes contra judeus na cidade.
Os mortos são os rabinos Aryeh Kupinsky, Kalman Ze'ev Levine e Moshe Twersky, todos também com cidadania americana, o israelo-britânico Avraham Shmuel Goldberg, que participava das orações, e um policial.
Testemunhas dizem que algumas das vítimas foram feridas com cortes profundos e tiros à queima-roupa.
"Eu olhei e vi uma pessoa atirando contra algum ponto branco. Aí veio alguém com o que parecia ser um cutelo, com muita raiva", disse Yosef Posternak, que rezava na sinagoga, à rádio Israel.
Os autores da ação moravam em Jabbar Mukabir, bairro de Jerusalém Oriental a 12 km da sinagoga. Como moradores da cidade, tinham acesso ao lado israelense, embora fossem filiados ao grupo radical Frente Popular para a Libertação da Palestina.
Após a ação, nacionalistas pediram "morte aos árabes". O tom duro foi compartilhado pelo premiê israelense, Binyamin Netanyahu, que prometeu revidar contra o que chamou de "animais humanos"."Estes são os que querem nos extirpar de nossa capital. Eles não terão sucesso."
Em seguida, o chefe de governo ordenou a destruição das casas dos primos Abu Jamal e prendeu 13 familiares dos autores do atentado.
Em seu discurso, Netayahu voltou a acusar o grupo radical Hamas e o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, por incitarem a violência. Abbas também condenou a ação.
"Nós condenamos as mortes de civis na sinagoga de Jerusalém, assim como quaisquer atos de violência vindos de qualquer lugar."
Por outro lado, o porta-voz do Hamas, Mushir al-Masri, chamou o ataque de heroico e de uma reação natural contra as ações israelenses. "Nós temos todo o direito de nos vingar do sangue derramado por nossos mártires de todas as formas possíveis."
Nos Estados Unidos, o presidente Barack Obama pediu que os dois lados se reúnam para dar fim à violência. "Vocês precisam lembrar que a maioria dos israelenses e palestinos quer a paz."
Porém as reações dos dois lados mostram que a disputa deve se acirrar. Durante a tarde, palestinos e judeus se enfrentaram perto de assentamentos na Cisjordânia.