Por mais restrição à imigração, Reino Unido ameaça deixar UE
David Cameron quer limitar benefícios sociais dos imigrantes
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, insinuou nesta sexta-feira (28) que pode recomendar a saída de seu país da União Europeia se a entidade o impedir de restringir o acesso de imigrantes a recursos sociais.
Foi a sua sinalização mais forte de que pode defender a saída do Reino Unido do bloco de 28 países.
Em discurso concebido para dar fôlego à sua campanha de reeleição, ele detalhou seu plano de limitar benefícios, como créditos fiscais e moradia, a imigrantes da UE.
As propostas exigirão mudanças em tratados da UE --que preza a liberdade de movimento como princípio fundamental-- e devem encontrar resistência de líderes do bloco, como a chanceler alemã, Angela Merkel.
Cameron prometeu, se reeleito, em maio, renegociar os laços do país com a UE antes de realizar um referendo em 2017 para decidir a permanência no bloco.
O premiê quer impedir que imigrantes da União Europeia desempregados recebam benefícios do bem-estar social e que os empregados esperem quatro anos antes de poder recorrer a eles.
"Negociarei um corte na migração da UE e farei da reforma do bem-estar social uma exigência absoluta na renegociação. Se obtiver sucesso, defenderei a manutenção deste país em uma UE reformada. Se nossas preocupações não forem ouvidas (...), então é claro que não descarto nada", afirmou.
Em Bruxelas, o porta-voz da Comissão Europeia disse que "estas são ideias do Reino Unido, e são parte do debate. Elas terão que ser discutidas sem drama. O combate aos abusos do sistema depende dos parlamentares nacionais, e a legislação da UE permite isso".
Pelas regras de livre movimentação, os cidadãos da UE têm direito de trabalhar em qualquer país do bloco.
Isso levou centenas de milhares a irem trabalhar no Reino Unido --228 mil este ano até junho.
MAIOR PREOCUPAÇÃO
Pesquisas de opinião mostram que a imigração é a principal preocupação dos eleitores britânicos.
Muitos acreditam que os imigrantes são um peso para escolas, hospitais e o sistema de bem-estar social.
Os defensores do sistema dizem que a maioria dos recém-chegados são trabalhadores jovens, do leste europeu, que encontram emprego, pagam impostos e exigem pouco do Estado.
O tema fez crescer a popularidade do Partido da Independência do Reino Unido (Ukip, na sigla em inglês), que é anti-União Europeia e anti-imigração.