Atual vice será fundamental no futuro governo
Sai governo, entra governo, e o nome de Danilo Astori segue em destaque na política uruguaia, fazendo a ponte entre as diferenças de estilo do presidente, José "Pepe" Mujica, e seu antecessor e sucessor, Tabaré Vázquez.
Na atual transição, Astori deixará o escritório de vice-presidente para voltar ao de ministro da Economia, cargo que ocupou na primeira gestão de Vázquez (2005-2009).
Aos 74 anos, ele se mostra resignado a não concorrer mais à Presidência.
Nas primárias da Frente Ampla antes da eleição de 2010, Astori disputou com Mujica pela vaga de candidato do partido. O economista era o escolhido de Vázquez, mas o ex-guerrilheiro Mujica venceu a disputa.
Num gesto típico de contemporizar e diminuir distâncias, Mujica chamou Astori, então, para ser seu vice.
Ao anunciar com antecedência que Astori será seu ministro da Economia, Vázquez busca sinalizar com a retomada da política econômica que tirou o Uruguai da crise gerada pela queda do governo argentino em 2001 e a moratória no país-vizinho.
Os ajustes de Astori propiciaram que se gastasse mais em saúde e educação, ampliando o acesso dos mais pobres a esses serviços.
As críticas vieram por conta de não terem sido feitos investimentos suficientes em obras de infraestrutura que acompanhassem o crescimento médio de 5%.
Agora, anuncia-se ajuste fiscal, desvalorização da moeda e provável reforma tributária. Astori tem defendido que o Uruguai firme acordos comerciais com outros países fora do Mercosul e que, no bloco, persiga vínculo maior com a União Europeia.
Uma das prioridades anunciadas por Vázquez é uma reaproximação econômica com a Argentina, com quem o país vem tendo problemas com as medidas protecionistas da presidente Cristina Kirchner, e de quem se afastou por conta de conflitos pela construção de uma indústria papeleira na fronteira.
"Uruguai e Argentina são impensáveis sem boas relações", disse Astori na última semana ao jornal argentino "Pagina 12".