Obama deve vetar duto defendido por rivais
Obra pode levar à primeira briga com republicanos no novo Congresso, empossado ontem
O presidente Barack Obama anunciou nesta terça (6) que vetará a ampliação de um oleoduto que cruza boa parte dos EUA, mesmo que o Congresso de maioria republicana aprove a construção.
A Casa Branca anunciou o veto horas antes da cerimônia de posse do novo Congresso, controlado pela oposição republicana tanto na Câmara, quanto no Senado.
A ampliação do oleoduto Keystone XL, que vai do Canadá ao golfo do México, é considerada "prioritária" pelos republicanos.
As relações tensas entre Obama e a oposição paralisaram o governo americano diversas vezes. Em 2013, o país quase foi levado a um calote depois que o Congresso se negou a aprovar o Orçamento.
No caso do oleoduto Keystone, o racha entre Obama e os republicanos é bem pronunciado. A Câmara aprovou nove vezes uma permissão "acelerada", que passaria por cima do licenciamento ambiental, que se arrasta há seis anos e não foi concluído.
O Senado, então de maioria democrata, rejeitou o projeto da Câmara nas nove vezes. Mas, a partir de agora, o Senado também é controlado pelos republicanos.
Ambientalistas são contrários à obra. No final do ano passado, em entrevista coletiva, Obama disse que ainda "precisava ver quais eram os benefícios para o país" de se permitir o petróleo de Alberta, no Canadá, chegar às refinarias do Texas, de onde seria exportado.
Se Obama barrar o oleoduto, será difícil para os republicanos derrubarem o veto presidencial --eles precisam de mais de dois terços do Senado (67 votos), mas tem 63.
O mais provável é que incluam a aprovação do Keystone em projeto de lei maior --ou como moeda de troca para aprovar o orçamento.
Nos últimos meses, Obama usou ordens executivas (decretos-lei) para aprovar, por exemplo, o fim de deportação em alguns casos de imigrantes ilegais, a reaproximação com Cuba e acordos ambientais. Para os republicanos, ele passou por cima do Congresso ao impor as medidas.
Os atritos no Congresso também se repetiram dentro do Partido Republicano. Ao contrário da tradição de eleição quase unânime para o presidente da Câmara (cargo nas mãos do partido majoritário), 25 deputados republicanos ultraconservadores votaram contra John Boehner.
Ele foi reeleito nesta terça com 216 votos a favor e 192 contrários. Os 25 rebeldes eram, em sua maioria, pertencentes ao movimento Tea Party, que quer um líder "mais duro" em sua oposição ao presidente Obama.