Governo manterá escritórios de exportação
Para cortar despesas, administração Dilma havia aprovado fechamento das nove unidades localizadas no exterior
Planalto e ministérios negam que escritórios passariam a funcionar dentro de embaixadas; agência não comentou
O governo recuou e desistiu de fechar os nove escritórios da Apex (Agência de Promoção de Exportações e Investimentos) no exterior e de transferir os funcionários às embaixadas e consulados.
A medida, que visava reduzir a penúria financeira do Itamaraty, provocou uma forte reação do Ministério do Desenvolvimento, ao qual a Apex é subordinada.
Segundo a Folha apurou, a presidente Dilma chegou a aprovar o fechamento dos escritórios dentro de um pacote de redução de despesas públicas discutido com o Ministério da Fazenda.
A notícia foi divulgada pela Globonews nesta segunda-feira (9), pegando de surpresa o Ministério do Desenvolvimento e a própria Apex. O ministro Armando Monteiro (Desenvolvimento) reclamou com Dilma, que recuou.
O principal argumento do ministro é que a Apex não é custeada com dinheiro público, mas com recursos do Sistema S (Sesc, Senai, entre outros), que é financiado pelas contribuições das empresas.
A avaliação dos técnicos da Apex é que a agência perderia agilidade e independência com a transferência dos escritórios para as embaixadas. Os empresários chegam a utilizar os escritórios para reuniões com clientes.
Os escritórios no exterior custam R$ 28 milhões por ano para a Apex e estão localizados em Miami (EUA), São Francisco (EUA), Bruxelas (Bélgica), Dubai (Emirados Árabes), Bogotá (Colômbia), Pequim (China), Moscou (Rússia), Havana (Cuba) e Luanda (Angola).
BRIGA ANTIGA
A transferência dos escritórios teria sido sugerida ao Ministério da Fazenda pelo Itamaraty. Sem recursos por causa do ajuste fiscal, o Itamaraty não consegue nem pagar a conta de luz de algumas embaixadas.
A rixa entre as pastas do Desenvolvimento e das Relações Exteriores por causa da Apex é antiga. Para os diplomatas, a agência, criada em 2003 pelo ex-presidente Lula, se apoderou das funções do Departamento de Promoção Comercial do Itamaraty.
"O custo-benefício dos escritórios no exterior vale a pena. A Apex gasta pouco dinheiro com esses escritórios e traz muito resultado para as empresas brasileiras", diz Welber Barral, ex-secretário de Comércio Exterior e sócio da consultoria Barral MJorge.
Procurada, a Presidência da República informou que "não procede" a notícia de fechamento dos escritórios da Apex, mas não quis comentar os bastidores da decisão.
O Ministério do Desenvolvimento e o Itamaraty também negaram a notícia. A Apex não comentou.