Promotor morreu de joelhos, conclui perícia de parentes
Laudo indica ainda que alguém lavou mãos sujas de sangue no apartamento
Indícios reforçariam a tese de que Nisman foi assassinado, e não se matou, como diz a investigação oficial
Foram divulgados, nesta quinta (12), novos indícios que sugerem que o promotor argentino Alberto Nisman teria sido assassinado.
A informação faz parte da perícia paralela encomendada pela ex-mulher de Nisman, a juíza Sandra Arroyo Salgado, e foi revelada pelo jornal "La Nación".
Segundo a reportagem, os peritos afirmam que Nisman teria morrido apoiado sobre o joelho direito e em uma posição diferente da em que foi encontrado.
O documento diz ainda que foram descobertas manchas lavadas de sangue na torneira e na pia do banheiro, o que sugere que alguém limpou as mãos no local.
Os peritos apresentaram seu relatório à promotoria nesta quinta (12), mas evitaram confirmar à imprensa as informações do jornal.
Daniel Salcedo, um dos responsáveis pelo relatório, afirmou apenas que eles ratificaram à promotora Viviana Fein, que investiga o caso, que descartam as hipóteses de suicídio ou morte acidental. Suas conclusões indicam que Nisman foi assassinado.
"O que fizemos hoje foi ratificar todo o conteúdo de nossa perícia", afirmou Salcedo, ao deixar a promotoria.
A perícia paralela diverge em vários pontos da investigação oficial. Além de concluir que Nisman teria sido assassinado, ela discorda também do dia em que o promotor teria morrido: no sábado (17 de janeiro), e não no domingo (18), quando ele foi encontrado sem vida.
O relatório foi incorporado ao inquérito. Agora, Viviana Fein deverá convocar uma junta de especialistas para confrontar o resultado das perícias oficial e paralela para chegar a uma conclusão.
Uma das principais discrepâncias entre as duas perícias é que, para os técnicos contratados pela ex-mulher o corpo de Nisman foi movido, depois de sua morte.
A reportagem do "La Nación" diz que a apuração paralela estranha o fato de a arma ter sido encontrada embaixo do ombro esquerdo do promotor. O tiro entrou do lado direito da cabeça de Nisman. Isso corroboraria a tese de que seu corpo foi mexido.
A análise sobre a mancha de sangue encontrada no chão do banheiro, diz o documento, sugere que o disparo foi feito a uma altura baixa, com Nisman provavelmente de joelhos.
Além disso, os peritos afirmam que a mão direita do promotor, a que teria feito o disparo, não estava totalmente suja de sangue, como esperado.
O promotor foi encontrado morto há quase dois meses, no banheiro de seu apartamento, um dia antes de apresentar evidências de uma denúncia contra a presidente Cristina Kirchner e aliados.
Ele acusava Cristina de acobertar a investigação sobre o atentado contra uma entidade judaica em Buenos Aires, em 1994, que deixou 85 mortos.