Cristina inaugura centro cultural de R$ 900 mi em memória de Néstor
Obra suntuosa deve se tornar vitrine kirchnerista em Buenos Aires
A sala de concertos para 1.750 espectadores é uma estrutura de concreto azulada, em forma oval, que flutua no meio de um edifício de arquitetura do século 19. Da Alemanha, foi importado um órgão de dez metros de altura e 3.500 tubos, que decora a parede dos fundos da sala, adornada também por um piano de cauda trazido do Japão.
Restrição a importações, escassez de dólares, crise econômica, nada disso impediu que ficasse pronto o faraônico museu que o governo de Cristina Kirchner acaba de inaugurar em Buenos Aires em homenagem ao marido, o ex-presidente Néstor Kirchner, morto em 2010.
Segundo o ministro do Planejamento (e também arquiteto), Julio de Vido, responsável pela obra, os custos foram de US$ 303 milhões (cerca de R$ 900 milhões), o triplo do originalmente orçado.
Ele chama de "míopes e egoístas" as críticas de que a obra saiu cara demais e demorou para ser concluída (foram seis anos). De Vido atribuiu o aumento dos gastos à variação dos custos, causada pela inflação, e às dificuldades em perfurar o terreno.
O Centro Cultural Kirchner foi inaugurado na quinta (21) e, nesta sexta (22), apresentado à imprensa. Mais de 170 profissionais se dividiam em grupos de 35 para percorrer o edifício, que tem nove andares, com mais de 40 salas de exposição, das quais uma em homenagem a Eva Perón e outra a Néstor.
No espaço dedicado ao patrono, o diretor artístico, Rodoldo Pagliere, colocou um espelho que reflete imagens das planícies de Santa Cruz, província de onde vieram os Kirchner.
"A ideia era deixar que o espectador tenha contato com o Néstor Kirchner que tem dentro de si", disse Pagliere. A sala terá obras exclusivamente dedicadas a ele.
Há muito ainda a fazer -- dois andares estão em construção, os elevadores e escadas rolantes funcionam mal e a praça em frente ao museu é um canteiro de obras, mas o Centro Cultural Kirchner certamente se tornará ponto turístico e vitrine do kirchnerismo em Buenos Aires, reduto da oposição. "Algum dia vamos poder construir nossos sonhos também em Buenos Aires", provocou Cristina durante a inauguração.