Jeb Bush entra na corrida à Casa Branca
Ex-governador quer ser terceiro na família a governar os EUA, mas precisa disputar vaga da oposição com mais dez
Político precisa superar a imagem negativa do irmão George W. para enfrentar Hillary em novembro de 2016
Depois de uma pré-campanha acidentada, em que teve dificuldades para abordar o legado do irmão ex-presidente, Jeb Bush, 62, anunciou nesta segunda (15) que disputará às primárias presidenciais do Partido Republicano.
No discurso de oficialização, em Miami, Jeb disse que sua intenção é retomar a influência dos EUA no mundo.
Ainda prometeu crescimento anual do PIB de 4%, acima dos 3% atuais, e citou as reformas educacionais que fez quando foi governador da Flórida (1999-2007), promovendo as escolas "charter", instituições privadas onde alunos sem recursos podem estudar usando vouchers pagos pelo governo estadual.
"Vou tirar a educação dos burocratas e dos sindicatos e devolvê-la aos pais", disse.
No palanque, o republicano criticou a política externa do presidente Barack Obama, de quem a pré-candidata democrata Hillary Clinton foi secretária de Estado.
"Com sua política externa de fachada, a equipe de Obama, [Hillary] Clinton e [do atual secretário, John] Kerry deixa um legado de crises sem controle, violência sem oposição, inimigos sem nome, amigos sem defesa e alianças destruídas."
Também falou que Obama, que pretende visitar Cuba, "não deveria ser o turista a glorificar uma Cuba fracassada". "Irei lá para cumprimentar os cubanos livres", disse.
HERANÇA
O logotipo lançado nesta segunda traz seu apelido, Jeb (iniciais de John Ellis Bush), e um ponto de exclamação. O nome "Bush" foi omitido.
Antes considerado trunfo pela rede milionária de financiadores de campanha da família, o sobrenome tem se tornado um problema graças ao legado do irmão.
Questionado se, sabendo-se o que se sabe hoje, a invasão do Iraque foi a escolha certa, Jeb deu três respostas diferentes em três dias seguidos: primeiro, endossou a guerra iniciada por George W.; depois de críticas, acabou por recuar totalmente e dizer que não invadiria o país.
Em evento no Arizona, foi interpelado por uma universitária que, em um vídeo que logo se disseminou no país, acusava George W. de ter "criado o Estado Islâmico".
E não é só o passado do irmão que o assombra. Declarações polêmicas --como críticas ao casamento gay (ao qual ainda se opõe) e chamar mães solteiras de "irresponsáveis"-- feitas em seus tempos de governador, no auge das chamadas "guerras culturais" no país, têm sido tiradas da gaveta para atacá-lo.
Há duas semanas, Jeb mudou o comando de sua equipe. Influentes doadores do Partido Republicano, que antes apoiaram seu pai e seu irmão, têm demorado a endossar sua candidatura. Alguns já aderiram à campanha do senador Marco Rubio, ex-pupilo de Jeb, que também tem sua base eleitoral na Flórida.
Jeb enfrentará a primária republicana mais disputada em 40 anos. O partido de oposição pode ter 20 pré-candidatos nas prévias, 11 dos quais já oficializados.
Algumas alas republicanas apostam que Jeb pode reduzir a impopularidade do partido com o crescente eleitorado latino. Fluente em espanhol, ele é casado com a mexicana Columba desde 1974.