Em meio a diálogo, EUA acusam Cuba de violar direitos humanos
Relatório anual do Departamento de Estado diz que regime castrista ameaça e intimida dissidentes
Governo do Irã, com quem Washington negocia acordo nuclear, também é acusado de restringir liberdades
Enquanto avança com a retomada das relações com Cuba, o governo dos EUA divulgou nesta quinta-feira (25) um relatório em que acusa novamente o regime comunista de cometer graves violações dos direitos humanos.
No documento anual em que avalia a situação mundial, o Departamento de Estado não poupou críticas e acusou o governo do ditador Raúl Castro de ameaçar e intimidar dissidentes políticos.
Segundo o texto, o país "registrou o maior número de detenções arbitrárias ao longo dos últimos cinco anos, cerca de 9.000". Mas fez a ressalva de que 53 dissidentes foram soltos como parte das negociações com os EUA.
"A maior parte dos abusos de direitos humanos foi cometida por agentes orientados pelo governo. A impunidade para quem comete essas violações continua ocorrendo em ampla escala", diz.
Além disso, o governo manteve bloqueado o acesso dos cidadãos a informações independentes e sem censura, restringindo a disponibilidade de serviços de internet e impedindo o acesso a blogs e sites de oposição.
O relatório menciona, porém, a sinalização do governo cubano, no fim de 2014, de que considerará a expansão dos investimentos em telecomunicações, "abrindo a possibilidade de um acesso maior à internet no futuro."
Desde o anúncio da retomada diplomática, em dezembro, os EUA defendem que a restauração das relações ajudará a coibir violações de direitos humanos na ilha caribenha.
Nas próximas semanas, os países precisam concluir a negociação para a reabertura de embaixadas Washington e Havana.
DEMORA
O prazo para a divulgação do relatório pelo Departamento de Estado americano era fevereiro. A demora reforçou as suspeitas de que o governo estaria segurando as informações para evitar mal-estar com Havana.
Cuba, inclusive, não é o único assunto delicado para o governo do presidente Barack Obama no documento.
O Irã, com quem os EUA têm até terça (30) para fechar acordo sobre o programa nuclear, é acusado de restrições graves das liberdades civis e quase nenhuma ação para punir violadores.
De acordo com Departamento de Estado, o país executou 721 pessoas em 2014, muitas vezes sem obedecer as garantias dadas por leis internacionais ou federais. Oficialmente, Teerã admite 268 execuções.
Violações de direitos humanos na Venezuela, China e Rússia também são destacadas. De acordo com o relatório, a corrupção no país latino-americano reduziu a efetividade das forças de segurança prejudicou a independência do Judiciário. "O governo investigou com frequência e indiciou de forma seletiva opositores políticos para persegui-los, intimidá-los e prendê-los", diz.
No cenário global, o relatório destaca crimes de extremistas em todo o mundo. Dentre eles, cita ações do Estado Islâmico no Iraque e na Síria, o nigeriano Boko Haram e a iemenita Al Qaeda na Península Arábica.