Papéis dos EUA afirmam que Pinochet mandou matar opositor
Em 1976, Orlando Letelier foi morto por bomba em Washington
Os EUA entregaram nesta semana ao Chile documentos segundo os quais o ditador Augusto Pinochet foi o mandante da morte de Orlando Letelier –chanceler do presidente deposto Salvador Allende– em Washington.
Em 21 de setembro de 1976, Letelier foi morto por uma bomba colocada por agentes da Dina, a polícia secreta do regime chileno, em seu carro em Washington. Além dele, o atentado provocou a morte de sua secretária americana e feriu o marido dela.
Nos documentos, agentes da CIA (Agência Central de Inteligência) e do Departamento de Estado criticavam a Justiça chilena por impedir a extradição do chefe da Dina, Manuel Contreras, e mais dois agentes em 1979.
Segundo o filho do ex-ministro, o senador Juan Pablo Letelier, os agentes citavam nas comunicações provas contundentes de que o ditador chileno teria mandado Contreras matar o ativista.
Também no mesmo documento há indícios de que o ditador planejava matar o chefe da Dina para evitar que fossem encontrados elos que levassem os EUA e outros países a incriminá-lo.
Para Juan Pablo, os documentos permitirão que mais membros da ditadura sejam punidos. "Espero que possamos romper os pactos de silêncio e determinar a responsabilidade de militares que estão vivos, e também talvez de civis cúmplices."
KERRY
As informações fazem parte de um lote de documentos entregues pelo secretário de Estado americano, John Kerry, à presidente Michelle Bachelet, em visita a Santiago na última segunda-feira (5).
Os documentos deverão ser usados nas investigações da Comissão da Verdade instalada pelo governo chileno.
O embaixador do Chile em Washington, Juan Gabriel Valdés, afirmou que a liberação dos documentos só foi possível porque foram retiradas as ações criminais contra o ditador, morto em 2006.