Transição na Argentina
Aumenta briga por vaga no 2º turno para Casa Rosada
Opositores Macri e Massa lutam para disputar contra candidato de Cristina
Macri, 2º colocado, defende 'voto útil' dos eleitores de Massa, ex-kirchnerista, no pleito de 25 de outubro
Esquentou a disputa pelo segundo lugar na eleição presidencial da Argentina. De olho em um eventual segundo turno, um opositor tenta roubar votos do outro visando se consolidar como o adversário do favorito, o governista Daniel Scioli.
Mauricio Macri, da coligação Cambiemos (Mudemos), e Sergio Massa, da Unidos por uma Nova Argentina, passaram a apelar ao "voto útil" contra o "voto inteligente" para enfrentar o candidato da presidente Cristina Kirchner.
Segundo Luis Costa, diretor do Ipsos na Argentina, as pesquisas feitas pelo instituto indicam que Scioli tem hoje 60% de chance de vencer no primeiro turno, no próximo dia 25. Grande parte disso se deve à divisão da oposição contra o governista.
"Os números mostram Scioli ao redor de 40%, 41%, enquanto Macri está com dificuldades de chegar aos 30%", afirma Costa.
Para encerrar a disputa na primeira rodada, na Argentina, basta o primeiro colocado ter 40% dos votos e uma vantagem de dez pontos percentuais sobre o segundo.
EM BUSCA DE VOTOS
Nesse cenário, Macri passou a pedir votos aos eleitores de Massa e de outros candidatos com menos chances. "Com muito respeito aos demais opositores, [a coligação] Cambiemos está em condições de representar seus eleitores", escreveu Macri em uma rede social, chamando o voto útil de "estratégico".
O candidato da centro-direita tem entre 25% e 27% das intenções de voto neste momento, diz Costa. "Está mais perto de Massa [terceiro, com 20%] do que de Scioli."
O ex-kirchnerista Massa, por sua vez, afirma que não entregará o jogo. Todos os dias faz declarações fortes (algumas polêmicas) que acabam nas manchetes. Na segunda (12), propôs debate "mano a mano" com Macri.
Em claro indicativo de que o inimigo é Macri, ele mudou seu slogan de "Mudança justa" para "A mudança não é uma proposta, as propostas são a mudança". "Falam de voto útil como se usassem as pessoas. Acredito no voto de convicção, no voto inteligente", afirmou Massa.
Nas palavras do terceiro colocado, só ele poderia vencer Scioli em um segundo turno. O "inteligente", portanto, seria votar nele contra o candidato de Cristina.
Os números do Ipsos confirmam a hipótese de Massa. "Os eleitores de Macri votariam em Massa em um segundo turno, mas nem todos os de Massa votariam em Macri. Cerca de um terço de seus votantes é de kirchneristas."
A 12 dias da eleição, porém, na avaliação de Costa, Massa não tem chance de bater Macri. "Não é o cenário mais provável", diz o diretor do Ipsos.