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New York Times

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Gosto por frutos do mar aquece comércio

Por JANE PERLEZ

YANJI, China - No restaurante Sol Vermelho, na esquina das ruas Caranguejo e Cerveja, caranguejos vivos se retorcem num tanque, recém-saídos da costa norte-coreana, que fica a duas horas e meia de distância.

O proprietário e cozinheiro do lugar, Jin Yuansheng, rega os bichos com água fervente e os agrega a fumegantes travessas de pepinos-do-mar, lulas e camarões, também norte-coreanos, que ele leva à mesa.

Esta cidade fronteiriça, no frio e pobre nordeste chinês, está separada da Coreia do Norte pelo gélido rio Tumen, onde uma ponte canaliza um efervescente comércio de frutos do mar retirados da costa norte-coreana do mar do Japão. É um exótico nicho de mercado nos mais de US$ 11 bilhões do comércio anual entre Coreia do Norte e China, dominado pelas importações chinesas de minério de ferro e carvão norte-coreanos.

Ao estimular o comércio com a Coreia do Norte, a China espera evitar o colapso do governo norte-coreano, o que provavelmente resultaria em uma península da Coreia aliada dos EUA.

Apesar disso, a China votou em março a favor de novas sanções da ONU a Pyongyang, por causa do seu programa nuclear.

O comércio com a Coreia do Norte também se presta a um objetivo doméstico: ajuda o emprego e a renda na necessitada província de Jilin.

Tirados de águas de mais de 900 metros de profundidade por traineiras tripuladas por norte-coreanos, os caranguejos são levados ao porto norte-coreano de Rason, uma zona de empreendimentos que atende a investidores estrangeiros e que foi em grande parte financiada pela China.

Ali eles são postos no gelo e levados de caminhão até Quanhe, já na China, de onde seguem para o mercado de Yanji. Os caranguejos também são transportados de avião para cidades de toda a China, onde são considerados iguarias para os ricos.

Yanji permite espiar um território proibido. As pessoas aqui, especialmente as de origem étnica coreana, falam de uma relação de amor e ódio com o país vizinho, sob um dos governos mais isolados e brutais do planeta.

A sombra da Coreia do Norte pode ser sentida aqui de muitas maneiras.

Refugiados protegem desertores que cruzam o Tumen. Lojas vendem alimentos norte-coreanos -cogumelos baratos anunciados como trufas, raiz de ginseng e vesículas biliares de urso moídas, que supostamente melhoram o sistema imunológico.

Para os comerciantes chineses, importar caranguejos é lucrativo. Eles vendem o produto não só para restaurantes finos de toda a China, mas também para organizadores de banquetes. Seu marketing destaca a pureza das águas na miserável Coreia do Norte, em comparação aos mares mais poluídos dos industrializados Japão e Coreia do Sul.

"Os pescadores capturam o caranguejo bem fundo, por isso ele é de alta qualidade", disse Qu Baojie, cuja empresa importa caranguejos de Rason. "A Coreia do Sul e o Japão não conseguem concorrer."

Ele disse que o teste nuclear norte-coreano de fevereiro terá poucas consequências para esse negócio.

A China vai continuar investindo em Rason, onde as condições empresariais têm melhorado constantemente, segundo ele. O Banco Agrícola da China, um dos maiores do país, abriu recentemente uma agência na cidade, possibilitando o pagamento de fornecedores.

Embora a China seja disparado o maior investidor na Coreia do Norte, o governo norte-coreano não confia nos empresários, que são mantidos isolados dos trabalhadores norte-coreanos, segundo Qu. "Não ligo para política", disse ele. "Não houve nenhum impacto no resto do meu negócio, e não acho que haverá. Seja como for, a China arrendou Rason por 50 anos."


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