Painel do leitor
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Crise da água
O presidente da Sabesp ("A Sabesp raciona água?", Tendências/Debates, 22/1) tenta mascarar a realidade sobre a crise hídrica, levando os leitores médios a apoiar as medidas do governo e da empresa de saneamento. São Paulo possui inúmeros reservatórios e represas, o problema é que não são interligados. Não existem problemas em utilizar água subterrânea, a não ser o elevado custo de extração e distribuição --o investimento que deveria ser realizado. Mas claro, punir é mais fácil. Como se as pessoas já não estivessem sendo punidas pela incompetência na gestão dos recursos hídricos.
Roberto Gomes da Silva Filho, professor de geografia (São Paulo, SP)
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É fato que vivemos uma seca severa, temos que mudar nosso padrão de consumo, aprender e aplicar estratégias de reúso. Mas, se somos cobrados, o governo do Estado e a Sabesp também deveriam ser cobrados com relação à seriedade e à transparência de sua conduta diante do problema. As obras que agora são emergenciais, como a substituição das tubulações, levarão anos e poderiam ter sido iniciadas em 2004. Quanto poderia ter sido evitado se o planejamento para garantir o abastecimento fosse prioridade? Enquanto o Estado minimizar a crise hídrica, imagine quantos anos levaremos para superá-la.
Cristina Rossi Nakayama, (Diadema, SP)
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Moro no Viaduto Santa Ifigênia. Desde segunda-feira, a água acaba por volta das 20h e retorna apenas às 14h. Ou seja, tenho seis horas de água num período de 24 horas. Não moro em um lugar alto, moro ao lado do vale do Anhangabaú. Isso já se tornou frequente. Na semana passada, a água acabou por dois dias; nesta semana, em todos os dias. Racionamento é a retirada da água periódica, porém previamente comunicada. Comunicada ela não é. Prezado Jerson Kelman, tenha a mínima consciência política e social e pronuncie-se com a verdade.
Paula leite (São Paulo, SP)
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Na Grande São Paulo, já existe racionamento ou rodízio há muito tempo. Como exemplo cito Guarulhos. Bairros abastecidos pelo sistema Cantareira, como a Vila Galvão, onde moro, recebiam fornecimento, já há vários anos, de aproximadamente 12 em 12 horas (com água de dia e sem à noite). No ano passado o fornecimento passou a ser em dias alternados. Hoje, nos dias de fornecimento, são apenas 12 horas de água (para 36 horas sem). E Kelman diz que evita o racionamento para não contaminar a água, sem pressão. Qual é a pressão da rede com o fechamento?
Walter C. Catelan (Guarulhos, SP)
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A atual crise serve de alerta para que a Sabesp pratique sempre o racionamento. Seria interessante cortar o fornecimento durante a noite. Racionar é essencial mesmo quando houver água. Sabendo usar não vai faltar.
Armando Carvalho (São Paulo, SP)
USP
A ideia de os alunos formados pela USP retribuírem os recursos aplicados pela sociedade na sua formação ("Reitor da USP propõe que ex-aluno preste 'serviço à sociedade'", "Cotidiano", 20/1) me parece correta. Mas, é importante salientar que as famílias da maioria desses alunos aplicaram vultosos recursos na formação deles, para que tivessem condições de estudar na USP. Além disso, em cursos como o de medicina, os alunos do quinto e do sexto ano e os médicos residentes já trabalham em hospitais públicos como mão de obra barata para suprir as deficiências dessas instituições, sem acompanhamento de seus professores.
Márcio de Faria Freitas, ex-aluno de medicina da USP (São Paulo, SP)
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A Folha vem apoiando em vários artigos que se cobre de alguma maneira --por mensalidade ou serviço civil obrigatório-- pelo ensino das universidades públicas. Parece esquecer, porém, que ela não tem nada de pública. É muito bem paga pela nossa carga tributária, que beira os 40%. A grande luta deveria ser por expandir modelos de qualidade como a USP, e não por rebaixar o seu nível para se enquadrar no restante. Serviço civil obrigatório? Algum jornalista toparia trabalhar para o governo para pagar "dívida" com a sociedade?
Renato Martins Pedro, médico (Ribeirão Preto, SP)
Papa
O papa Francisco anda falando demais, entrando onde não devia ("Não se pode procriar como 'coelho', diz papa", "Mundo", 21/1). Talvez sua preocupação devesse ser somente com a fé dos seus seguidores, não extrapolando para a vida sexual deles. Como alguém pode falar de algo que não vivencia? Ante a velha e batida norma da Igreja Católica "crescei e multiplicai", o papa, pretendendo dar uma de avançado, dá o seu recado: não tenham filhos feito coelhos, mas não façam uso de métodos contraceptivos. Ou seja, façam igual a mim, não desejem, não transem.
Anete Araujo Guedes (Belo Horizonte, MG)
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O papa Francisco é o cara! Ele merece até ter uma namorada e ainda ser aplaudido por isso por todos os católicos. Só o fato de ter chamado a atenção dos cristãos para pararem de ter filhos sem poder criá-los já valeu a pena.
Elniro Brandão (Fortaleza, CE)
Pasquale Cipro Neto
Parabéns ao sempre Genial (com maiúscula mesmo) prof. Pasquale Cipro Neto pelo texto "Saudade" ("Cotidiano", 22/1). Em poucas palavras, além de desmistificar a "propriedade" da palavra ("só existe no Brasil"), mostrou que sentimentos podem ser expressos contemplando os dois lados da moeda. O final do texto expressa magistralmente como a população deve estar se sentindo, quando consegue aflorar por alguns momentos da anestesia generalizada que grassa neste país (com minúscula mesmo).
Rubens Sayegh (São Paulo, SP)