Painel do Leitor
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Petrolão
Como já era esperado, a presidente da Petrobras, Graça Foster, e mais cincos diretores renunciaram aos cargos na estatal. Quer maior exemplo de amadorismo empresarial do que manter o ex-ministro Guido Mantega no Conselho de Administração, que irá eleger a nova diretoria? O ex-ministro deveria ter sido demitido há tempo. Não será nada fácil encontrar um executivo experiente para comandar a Petrobras que suporte as pressões do Planalto. Tomara que tudo dê certo, pois esse vácuo deixado pela Petrobras causa mais instabilidade econômica ao país.
EDGARD GOBBI (Campinas, SP)
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Muito criterioso e altamente fundamentado o artigo do doutor Ives Gandra da Silva Martins ("A hipótese de culpa para o impeachment", Tendências/Debates, 3/2), deixando claro que, à luz do Direito, os requisitos para o impeachment estão consumados em ações e omissões da presidente e sua equipe. Penalmente, os maus gestores do governo deveriam ser julgados por crime de lesa-pátria, pois, nas palavras do doutor Ives, entre outras responsabilidades, lhes cabe a "destruição da Petrobras, reduzida a sua expressão nenhuma, nos anos de gestão da presidente...".
MARINO HÉLIO NARDI (Assis, SP)
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Lúcido, didático e juridicamente bem fundamentado o artigo do jurisconsulto Ives Gandra da Silva Martins. Ocorreu-me, porém, a dúvida: os argumentos apresentados aplicam-se também, por analogia, ao (des)governo do senhor Geraldo Alckmin? Sob a (ir)responsabilidade dele temos a crise hídrica e o escândalo do superfaturamento de trens e metrô. Entenderá o sábio articulista que haja sinais de gestão temerária? Ou o raciocínio mudará ao sabor de eventuais cores político-partidárias?
GERALDO OLIVEIRA CORDEIRO JÚNIOR (São Paulo, SP)
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Passei o período do regime militar lendo nesta Folha sobre como os militares haviam "assaltado" (termo em matérias da época) os cargos de direção da Petrobras. Atualmente não vejo a mesma virulência em críticas do jornal. O PT fez muito pior: quebrou a empresa por meio da incúria, da omissão e da ação corruptiva ativa. Quanto custam e rendem os gigantescos (e falsos) balancetes da Petrobras e seus anúncios publicados nas páginas deste jornal? Será o bastante para comprar o silêncio de um jornalismo que antes era tão crítico com quem usava farda e hoje é dócil, quase amigo, se não cândido com quem destruiu a empresa?
PAULO BOCCATO (Taquaritinga, SP)
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Parabenizo a Folha por finalmente chamar o petrolão de petrolão. É uma demonstração de independência em relação ao Palácio do Planalto em um momento em que o jornal vem sendo acusado de refrear as críticas ao governo federal em troca da obtenção de anúncios de estatais e da administração direta.
RAFAEL ROSSI (Blumenau, SC)
Crise da água
A notícia sobre a proibição de escovar os dentes para estudantes da escola municipal mostra o despreparo da máquina estatal --prefeitura e Estado-- para a falta de água ("Escolas vetam até escova de dentes para economizar água", "Cotidiano", 4/2). Em vez de implantar um programa de educação para o uso racional da água, o poder público usa estratagemas antipedagógicos, como o corte de água, que estimula o estoque desenfreado, e a diminuição do uso de água nas escolas, que agrava o desencanto com o governo e a crença de que estamos abandonados. Péssima atitude, que não resultará na educação ambiental da população.
PATRICIA MORAES AUDE (São Paulo, SP)
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Em relação ao comentário de Suely Rezende Penha (Painel do Leitor, 4/2), a Sabesp lembra que a tecnologia permite a transformação de água poluída em água potável por meio de tratamento. Por essa razão, há quase 60 anos a companhia utiliza água da represa Billings por meio do rio Grande e do Taquacetuba, dois dos seus braços. Do rio Grande são captados 5,5 m³/s e do braço do Taquacetuba (também contribuinte da Billings e cuja água vai para o Guarapiranga) são 2,19 m³/s. Somando-se sistema Rio Grande e Taquacetuba, a água fornecida pela Billings é de 7,69 m³/s, o que dá para atender cerca de 2,3 milhões de pessoas.
CARLOS ALENCAR, assessor de Comunicação da Sabesp (São Paulo, SP)
Crise energética
Dois leitores recomendaram as usinas nucleares para resolver a crise energética (Painel do Leitor, 3/2 e 4/2). Esqueceram os mais de cem acidentes graves que já ocorreram no mundo nessas termonucleares, além de acidentes no transporte e no tratamento do "combustível" nuclear. É bom lembrar que muitos acidentes nucleares são encobertos por interesses econômicos escusos. Não é melhor usarmos energias mais seguras e renováveis (solar, eólica, da biomassa...) e equipamentos mais econômicos?
JUAN A. M. SEBASTIANES (Piracicaba, SP)
"País de ladrões"
Os leitores Regina Dalcastagnè e Ibrahim Abrahão Chaim (Painel do Leitor, 4/2) se indignaram com a declaração de Pedro Herz ("Aqui é um país de ladrões"), da Livraria Cultura, mas desconhecem os percalços de quem, como ele, se esforça para manter aberta uma livraria num país onde leitura nunca foi prioridade. Não houve surpresa alguma nas palavras de Herz. Não sejamos hipócritas. Ser livreiro no Brasil é profissão de fé. Um viva às pessoas como ele, que tentam vender cultura num país de iletrados.
GILBERTO ASSAD (São Paulo, SP)
Doping no MMA
Anos de dedicação para se tornar o maior nome do esporte e encerrar a carreira com um flagrante de doping ("Anderson Silva é pego em exame antidoping", "Esporte", 4/2). Isso prova que heróis só existem nos quadrinhos e nos cinemas. Na vida real, somos todos seres humanos na sua mais pura contradição.
MOISÉS MORICOCHI MORATO (Pacaraima, RR)