Painel do leitor
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Terceirizações
Em "A terceirização e as vacas" ("Opinião", 11/4), o filósofo Hélio Schwartsman parte da premissa de que, se não podemos produzir o que consumimos com a expertise necessária, a terceirização é a solução. A condição quase escrava a que são submetidos muitos trabalhadores mostra que a ingênua filosofia no caso está sendo cruel. O cerne da terceirização é vender mão de obra mais barata e precarizar direitos e condições de trabalho. O Brasil nunca se desenvolverá se não fortalecer o mercado interno e distribuir renda. Isso requer melhores salários, não leis que favoreçam a exploração.
Paulo Teixeira Sabóia, presidente da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (São Paulo, SP)
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A Folha incrivelmente demonstra desconhecer a esperteza do empresariado brasileiro ("Passo à frente", "Opinião", 10/4). Considera que houve um avanço com a possibilidade de as empresas operarem sem trabalhadores próprios, terceirizando até todo o quadro de funcionários se desejar. Dessa forma, podem trocar livremente, sem custo, todos e quantos desejarem a qualquer tempo e pressionar para que as empresas contratadas consigam profissionais que aceitem ganhar cada vez menos. Se isso não é precarizar direitos, basta esperar para ver quanta confusão isso vai causar nos próximos meses e anos.
Ademir Valezi (São Paulo, SP)
Números do governo
Como posso acreditar em números do governo se nem a presidente e o vice se entendem? Afinal, quantos brasileiros ascenderam à classe média nos últimos anos? Segundo Michel Temer ("Painel", 11/4), são 35 milhões, mas, para Dilma Rousseff, 44 milhões ("Governo espera protestos com adesão menor no domingo", "Poder", 11/4). Quem está certo? Podiam ter combinado antes.
José Teófilo de Carvalho (Belo Horizonte, MG)
Crise econômica
O momento brasileiro é melancólico. Vivemos uma paralisia geral, em todos os setores da economia, incluindo o agronegócio. A população se prepara para a manifestação em prol da moralização na política, da ética nos negócios e da decência na representação, e nenhuma aliança será capaz de retirar da vontade popular o sentido da democracia e a urgente mudança das nossas combalidas instituições.
Yvette Kfouri Abrão (São Paulo, SP)
Eduardo Suplicy
O ex-senador Eduardo Suplicy sempre está do lado contrário da decência e da moral. Esteve ao lado de mensaleiros, achacadores, corruptos e ladrões do dinheiro público. Como "defensor dos direitos humanos", "prestigiou" o italiano assassino que se encontra protegido no Brasil e foi dar "apoio moral" a Mano Brown ("Suspeito de desacato, Mano Brown é detido", "Cotidiano", 7/4). Por que não foi dar apoio aos pais do menino assassinado com bala perdida no Rio ou para a funcionária estuprada em cabine do Metrô de São Paulo?
José Teófilo de Carvalho (Belo Horizonte, MG)
Renato Janine
Nunca entendi direito Renato Janine. Tem o perfil de um humanista respeitável. Só não entendo a razão pela qual ele acha que para ser um verdadeiro humanista tem de ser de esquerda, tão apegado ao PT. Como aceitar que "o PT está sempre certo, e o inferno são os outros"? Não significa exagerar nas posições do politicamente correto a ponto de recair nos impasses e nas contradições denunciadas pelo implacável Demétrio Magnoli ("Ideias em desordem", "Poder", 11/4)?
Gilberto de Mello Kujawski (São Paulo, SP)
Greve dos professores
Então a greve dos professores está afetando até os pais ("Professores de SP mantêm greve; até pais de alunos tem sido afetados", "Cotidiano", 11/4)? Que engraçado, o governo diz que a greve não tem adesão. Não tem greve, mas as escolas devem "acionar" os professores substitutos.
Mara Chagas (São Paulo, SP)
Dom Hélder Câmara
Tem gente falando em transformar dom Hélder Câmara em santo ("Dom Hélder Câmara vai se tornar candidato a santo", "Poder", 10/4). Pelo visto, os que estão engendrando isso não têm o menor conhecimento de quem foi dom Hélder, com sua indefectível humildade, enquanto viveu aqui, na esfera terrestre, uma existência dedicada aos pobres e oprimidos do Rio, do Recife, de Olinda e do Brasil. Quem conhece o mínimo de história sabe que dom Hélder jamais pretendeu ser papa, quanto mais ser santo.
Humberto Mendes (São Paulo, SP)
Casal Alckmin
O texto "Carta aberta ao casal Alckmin" (Tendências/Debates, 10/4) constitui-se em um relato sensível, tocante e comovente, ao mesmo tempo em que é uma mensagem de conforto e esperança. Aponta para a força necessária no momento de uma das mais cruéis das dores --a de perder um filho no auge da juventude.
Valdir Rocha, artista plástico (São Paulo, SP)
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Sem desmerecer a intenção de Ricardo Viveiros, sua carta deveria ser dirigida a todos os pais que perdem seus filhos. O autor peca pela omissão. O filho do casal Alckmin morreu fazendo o que gostava, um consolo para a família. Os pais de Eduardo, 10, morto sem saber por que e de tantos outros, vítimas da truculência policial e do tráfico, também deveriam ser destinatários da carta.
Maria Inês Prado (São João da Boa Vista, SP)