Painel do leitor
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Judiciário
Há quem acredite em "juiz neutro" por falta de conhecimento, mas há os que pregam a "neutralidade" como equivalente da "imparcialidade" com o propósito de tentar desqualificar o trabalho do Judiciário, que não se acovardou ante esquemas criminosos nem vê o crime com normalidade e com a condescendência com a qual se habitou concebê-los no Brasil. Na segunda categoria, estão muitos dos advogados que atuam na Lava Jato, conforme retratado por Arnaldo Malheiros Filho ("Meu reino por um juiz", Tendências/Debates, 11/5). Estivessem seus clientes soltos e aproveitando-se dos valores adquiridos de maneira ilícita, estariam elogiando o Judiciário.
Jarbas Luiz dos Santos, juiz e professor universitário (São Paulo, SP)
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Quanta ingratidão dos advogados da Lava Jato ao suspenderem o patrocínio do simpósio jurídico ("Advogados retiram apoio de seminário com juiz da Lava Jato", "Poder", 10/5). Se não fosse o juiz Sergio Moro, seus bolsos não estariam recheados com milhões de reais dos trabalhadores brasileiros. Ainda de quebra, estão tendo uma aula de direito criminal com o juiz Moro.
Bruno Victório Perini Baldi (Assis, SP)
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Discordo da colega de carreira ("Bengala, casuísmos e pequenez", folha.com/no1627136, 10/5). A PEC da Bengala é anterior a Eduardo Cunha. Por causa do implemento da idade, temos perdido homens públicos de grande envergadura, que migram para a iniciativa privada, pois têm plenas condições de continuar trabalhando. De outro lado, o que mais impede hoje a aposentadoria por tempo de serviço e, portanto, tem emperrado a carreira não é a fixação de uma idade, e sim a quebra da paridade entre ativos e inativos. Essa é que deveria ser a preocupação da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho.
Graziela Colares (Belém, PA)
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O Congresso precisa urgentemente iniciar um sério debate sobre as necessárias mudanças no modelo de escolha dos ministros do STF. Hoje a suprema corte é composta de 11 pessoas escolhidas por critérios políticos e excessivamente abertos e subjetivos (reputação ilibada e notável saber jurídico). Isso está, aos poucos, transformando a suprema corte em um órgão público suspeito de parcialidade. O zelo pela imparcialidade é a maior virtude de todos os envolvidos na atividade jurisdicional.
Ameleto Masini Neto, professor de direito penal (São Paulo, SP)
Aécio Neves
Li atentamente a coluna do senador Aécio Neves ("Conta amarga", "Opinião", 11/5) e concordo plenamente com ele. Mas os desmandos e malfeitos do governo federal já são conhecidos há muito tempo, não precisa repetir continuamente. Gostaria que o senador, lembrando seus 51 milhões de votos, divulgasse a atuação da oposição, da qual é o principal participante, visando às melhorias que esperamos para nosso país. Atos concretos sem a repetição contínua e cansativa do pedido de impedimento. Com atuações competentes da oposição, o impedimento será redundante.
Roberto F. A. Costa (São Paulo, SP)
Saúde
A Folha mostra a redução de 21% nos atendimentos na rede pública de São Paulo, o equivalente a 1,5 milhão de consultas a menos ("Consultas em unidades de saúde da capital caem 21%", "Cotidiano", 11/5). A prefeitura diz que, basicamente, faltam médicos. Tal retração, na verdade, é reflexo da diminuição de repasses do Estado e principalmente do município às organizações sociais, que têm dificuldades para pagar fornecedores e funcionários e outros compromissos. Em suma, é o baixo financiamento a causa do problema. Novamente, o governo busca transferir oportunisticamente à classe médica a responsabilidade pelas falhas de gestão e carência de verbas.
Florisval Meinão, presidente da Associação Paulista de Medicina (São Paulo, SP)
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É, no mínimo, vergonhoso abrir o jornal e ver a elite política do país reunida, comendo, bebendo, brindando, tudo do bom e do melhor em evento de luxo de seu médico particular ("Aliança nacional", "Mônica Bergamo", 11/5) e, no mesmo exemplar, ler as reportagens sobre o descalabro da saúde pública em São Paulo, o que se estende para todo o Brasil. Enquanto os políticos festejam com seu médico particular, causa revolta o desespero e o abandono de quem precisa de atendimento em São Paulo.
Vagner Gusmão (São Paulo, SP)
Petrolão
A Odebrecht Óleo e Gás esclarece que a sonda de perfuração Delba III continua em operação, diferentemente da legenda que a trata como finalizada ("Empresas investigadas pela Lava Jato têm R$ 24 bi a receber da Petrobras", "Poder", 11/5). O texto atribui à Odebrecht saldo contratual com a Petrobras de R$ 15,2 bi sem distinguir as diferentes empresas do grupo, que possuem gestão, estrutura acionária e de capital independentes. Reiteramos que, em nosso caso, os valores não correspondem a faturas em aberto, mas principalmente a pagamentos a serem feitos pela estatal por contratos de afretamento e operação baseados no desempenho das unidades, a maior parte de longo prazo e que recebeu pesados investimentos.
José Cláudio Grossi, diretor de relações institucionais da Odebrecht Óleo e Gás (Rio de Janeiro, RJ)
Racismo
Congratulo-me com Luiz Fernando Vianna pelo oportuno, justo e devido artigo "Sangue negro" ("Opinião", 11/5). Em 13 de maio de 1888, a abolição da escravatura negra no Brasil oficialmente se iniciou. Não sei se e quando será concluída ou se vamos permanecer eternamente com essa dívida àqueles que tanto fizeram pela pátria. Feliz lembrança daqueles tão esquecidos.
Antoniel Alves Feitosa (Recife, PE)
Pena de morte
Mesmo fazendo críticas ao posicionamento político da Folha, não posso deixar de elogiar a primorosa reportagem de Ricardo Gallo ("À espera da morte", "Cotidiano", 10/5), cuja leitura é capaz de comover o mais empedernido defensor da pena de morte, "meio tão injusto e brutal" de fazer justiça, segundo palavras de Angelita Muxfeldt, prima de Rodrigo Gularte, fuzilado na Indonésia no dia 29 de abril.
Hélio de Sousa Reis (Guarulhos, SP)