Painel do Leitor
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Petrolão
Dilma declarou que não confia em delatores, para desmentir as declarações de Ricardo Pessoa ("Dilma diz que não respeita delator e rejeita acusações", "Poder", 30/6), segundo as quais as campanhas dela e de Lula receberam doações irregulares. Confesso que também não confio em delatores até provarem a consistência do que dizem. Mas os delatores sabem que sua eventual pena sofrerá acréscimo se mentirem. O mais sensato é aguardar a conclusão das investigações para o esclarecimento da verdade, evitando prejulgamentos.
JOSÉ AMORA MOREIRA (Uberaba, MG)
Equivoca-se a presidente ao equiparar a delação na época da ditadura com a instituição jurídica da delação premiada, visto que aquela era obtida por meio de coação e tortura e esta é obtida sob as garantias constitucionais da ampla defesa, do contraditório e do devido processo legal.
JOÃO ANTONIO MARCHI (São Paulo, SP)
Alguém deveria explicar a Dilma que o delator nada mais é que um criminoso preso que resolveu confessar seus crimes para obter alguma diminuição na pena e desarticular o resto da quadrilha. Não há motivo algum para que um delator seja respeitado, como também não se respeitam os criminosos. Se não houvesse o recurso da delação premiada, o escândalo da Petrobras estaria na estaca zero e tudo continuaria às mil maravilhas para os criminosos.
MÁRIO BARILÁ FILHO (São Paulo, SP)
Tornar as denúncias públicas antes de concluídos os levantamentos, por mais democrático que seja, causa danos aos envolvidos, ao processo e à própria sociedade. Se o acusado realmente tiver praticado os delitos, ao saber-se alvo de denúncia, poderá destruir provas. Se a acusação for mentirosa, ele sofrerá um prejuízo irreparável em sua imagem, que não se recuperará nem que seja provada a inveracidade. Como são ministros, parlamentares e outras figuras de destaque, o simples ato de terem que "administrar" a situação os afasta de suas funções. Os vazadores têm de ser punidos para não pôr a perder o trabalho de combate à corrupção.
DIRCEU CARDOSO GONÇALVES, dirigente da Associação de Assistência Social da PM-SP (São Paulo, SP)
Visita aos EUA
A visita aos Estados Unidos está com dois anos de atraso, mas pode ser o início da reaproximação com grandes investidores internacionais, depois do escândalo na Petrobras ("EUA abrem mercado para carne brasileira", "Mundo", 30/6). Seria muito conveniente desengavetarmos agora o projeto da Alca (Área de Livre Comércio das Américas) para gradualmente suprimir as barreiras do comércio entre os Estados membros. Insistirmos em alianças como o Mercosul, com países que têm muito pouco a oferecer, não nos levará a lugar algum. A Alca seria o maior bloco econômico do mundo e num momento oportuno para nossa economia voltar a crescer.
MARCELO YANEZ VARGAS (São Paulo, SP)
Parlamentarismo
Acredito que a mudança no sistema de governo não seja a solução paro o país, como defende Eduardo Cunha ("Precisamos discutir o parlamentarismo no Brasil para valer, e votar'", "Poder", 29/6). Independentemente do sistema, precisamos de políticos honestos e comprometidos com a população e com o país. Sem isso, essa proposta será apenas mais uma ilusão.
ANDRÉ PEDRESCHI ALUISI (Rio Claro, SP)
O parlamentarismo no Brasil foi o artifício acordado em 1961 para garantir um mínimo de governabilidade a João Goulart, mas refutado por plebiscito em 1963 e, novamente, em 1993. É um sistema interessante, mas uma mudança abrupta de representatividade pode não funcionar. Vemos que raramente passa dos 50% o número de votos dos parlamentares eleitos, ou seja, a maioria ou número expressivo de eleitores votou em outros. Dos eleitos é que sai o primeiro-ministro e não me sinto nem um pouco à vontade em antever a possibilidade de um Eduardo Cunha nessa posição.
ADILSON ROBERTO GONÇALVES (Lorena, SP)
Medicina
Propostas de certificação de escolas médicas ("Cursos de Medicina terão novo sistema de avaliação", "Cotidiano", 28/6) já existem em outras partes do mundo e são inócuas, pois não conseguem mudar a realidade do ensino médico. O dever dos Conselhos é impedir o ingresso na sociedade de médicos mal formados, sem o mínimo de conhecimento básico para atender sem pôr as pessoas em risco. E o único método comprovado internacionalmente que consegue isso é o exame terminal ao final da graduação, com uma prova cognitiva básica, tecnicamente bem-feita, como o Cremesp faz há 11 anos.
RENATO AZEVEDO JUNIOR, médico cardiologista e diretor primeiro-secretário do Conselho Regional de Medicina de São Paulo (São Paulo, SP)
Patrimônio histórico
No centenário do mestre arquiteto Artigas ("O pensamento vivo de Artigas", "Cotidiano", 29/6), vale lembrar o descaso para com o prédio da Escola Estadual Jon Teodoresco, em Itanhaém (SP). Apesar do esforço dos funcionários, sua estrutura física e sua memória nunca receberam o devido respeito. Apenas o tombamento não seria suficiente. Lanço um apelo aos governantes das três esferas públicas. Perguntem-se quantas amostras de nosso patrimônio estão "escondidas" na área sob sua administração.
ANDRÉ ETEROVIC, professor da Universidade Federal do ABC (Santo André, SP)
Marieta Severo
A senhora Marieta Severo ("Mônica Bergamo", "Ilustrada", 30/6) tem o direito de defender a política petista. Mas talvez o dinheiro dela acabe bem depois do meu e, por isso, eu seja pessimista ou menos otimista que ela. No caso do Brasil, o dinheiro acabou. Já Fausto Silva perdeu, mais uma vez, a chance de ficar calado.
MARCOS SGARABOTO (Brasília, DF)
Parabéns a Marieta. De pessimista já basta a nossa imprensa. O otimismo pode não levar a lugar algum, mas o pessimismo destrói.
EDEZIO MORATO JUNIOR (Campinas, SP)