Painel do Leitor
A seção recebe mensagens por e-mail (leitor@uol.com.br), fax (0/xx/11/3223-1644) e correio (al. Barão de Limeira, 425, São Paulo, CEP 01202-900). A Folha se reserva o direito de publicar trechos.
-
Crise do governo
Mais uma vez, Elio Gaspari ilumina a cena com um novo paradigma conceitual para o entendimento da nossa história. "Um teste para seu DNA golpista" ("Poder", 12/7) nos coloca frente a frente com uma realidade cruel e incontornável: as sete pragas do Egito aqui viraram dez.
Paulo Nascimento (Santos, SP)
-
Os momentos históricos apresentados por Elio Gaspari são conhecidos, mas a leitura política (de esquerda ou direita) é diferente. A proclamação em 1889 que destituiu um imperador após 49 anos no poder não foi golpe. Em 1930, Getúlio fez a revolução capitalista no Brasil e mudou a estrutura econômica, incluindo a burguesia industrial, a classe média e o operariado no cenário nacional, uma revolução "do bem". Em 1955 foi uma continuação do golpe contra Getúlio. Em 1961, o parlamentarismo foi um golpe contra Jango, assim como em 1964. Nada justifica um golpe no momento.
Antonio Negrão de Sá, funcionário público (Rio de Janeiro, RJ)
-
A ombudsman ("Conversa difícil", "Poder", 12/7) diz, sobre a entrevista da presidenta, que "a obrigação de ouvir o contraditório não implica abrir mão de fazer perguntas espinhosas nem libera o personagem para falar o que quiser sem contradita". Concordo, mas tenho certeza que certas perguntas não se fazem para não ter de publicar certas respostas. Alguns personagens da oposição, em especial o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso --que vive dizendo que o PT quebrou o Brasil--, fazem acusações variadas à presidenta sem que lhes seja, na contradita, apontado o fato de que eles são passíveis das mesmas acusações.
Celso Balloti (Santos, SP)
-
Esperamos que o TCU e o Congresso analisem com isenção as contas de 2014 do governo Dilma ("Câmara abre caminho para análise das contas de Dilma", "Poder", 12/7) e que o TSE observe com clareza e honestidade as doações de campanha feitas ao PT. Mas isso é pedir demais num país onde as decisões mais importantes são postergadas, onde as autoridades responsáveis pelo bom andamento das instituições fecham os olhos e dão um jeito de aprovar as irregularidades e crimes cometidos por políticos que levam o Brasil ao retrocesso e à desgraça social. Viveremos para assistir à mudança dessa realidade?
Myrian Macedo (São Paulo, SP)
Bolsa Família
A excelente reportagem "Boyhood Bolsa Família" ("Poder", 12/7) revelou o que já se supunha que iria acontecer se o Bolsa Família não fosse acompanhado por outras políticas sociais. Ficou claro que as famílias já deveriam estar morando fora da favela, ou melhor, que a tal favela já deveria ter sido substituída por uma estrutura decente de moradia, com escolas de bom nível, unidades de saúde bem estruturadas, policiamento comunitário e iniciativas de geração de emprego, principalmente baseadas no cooperativismo. Falta uma política de intersetoralidade. Enquanto isso não acontecer, continuaremos a ver famílias patinando socialmente.
José Elias Aiex Neto (Foz do Iguaçu, PR)
INSS
Em "Nova Regra do INSS alivia contas de Dilma" ("Mercado", 12/7) esqueceram de informar que, por iniciativa do Tribunal de Contas da União, serão extintos os 851 dias de trabalho insalubre, a que tive direito como assistente social da perícia médica do INSS, quando da minha aposentadoria em 1995, trabalhando com doenças infectocontagiosas e psiquiátricas graves. Isto é ilegal e imoral. Aliviar contas com a dor dos aposentados que há 20 anos contam com a aposentadoria para viver? Gostaria que o Ministério Público se manifestasse.
Mercedes Santos Suyama (Belo Horizonte, MG)
Petrolão
Em relação à matéria "Odebrecht influenciou Petrobras, afirma PF" ("Poder", 11/7), a Construtora Norberto Odebrecht informa que não há razão para inferir, pelos documentos, que tenha exercido influência sobre decisões da estatal, pois os processos são feitos pela própria, que define projetos, valores e convida os participantes das licitações. Sobre a terraplanagem da refinaria Abreu e Lima, a CNO participou de consórcio vencedor por menor preço. O valor do contrato está em análise pelo TCU, cuja previsão inicial estava em R$ 380 milhões e hoje, após revisões, se aproxima do valor final contratado.
Antonio Carlos de Faria, diretor de Comunicação da Construtora Norberto Odebrecht (Rio de Janeiro, RJ)
Salários da Unicamp
Para o bem da transparência, a Folha deveria divulgar também que boa parte destes salários extrateto ("Unicamp paga salários acima do teto a mil professores e técnicos", "Cotidiano", 11/7) se dá devido a realização de plantões no pronto socorro do Hospital de Clínicas, por exemplo. São horas prestadas além da carga horária diurna. É justo não receber por essas horas? Sem elas não seria possível o funcionamento do pronto atendimento.
Christian Cruz Höfling, médico (Campinas, SP)
Colunistas
Assinante há 30 anos, não me recordo de uma edição do jornal que me encantou tanto com seus colunistas da página 2. A tríade Sérgio Dávila ("Os imbecis estão ganhando?"), Bernardo Mello Franco ("Agosto, de novo") e Carlos Heitor Cony ("A geleia") esteve sensacional, pelo poder de análise dos primeiros e a criatividade do terceiro. O mundo real das sínteses de que "o drama da internet é que ela promoveu o idiota da aldeia a portador da verdade", do Dávila, de "já estamos assistindo ao velório, a dúvida é a data do enterro", do Bernardo, sobre a crise política, associadas ao folhetim do Cony, são de uma inteligência e equilíbrio ímpares.
Edilson Virgílio da Cruz (Bastos, SP)
-
Brilhante a coluna de Sérgio Dávila sobre os comentários do escritor Umberto Eco. É até um pouco preconceituosa sobre a opinião daqueles que agora, com a internet, podem e devem ser pronunciar. Não sei dizer se a palavra imbecil é a correta, afinal temos gente da estirpe de Jô Soares e Chico Buarque que defendem a Dilma. Não sou contra as críticas, exceto por alguns exageros. Mas em se tratando de PT, todo exagero sera perdoado.
Zureia Baruch Jr., engenheiro (São Paulo, SP)
-