Painel do Leitor
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Brasil em crise
Primeiro movimento: levar Rodrigo Janot de volta à Procuradoria-Geral da República. Segundo: fatiamento dos inquéritos sobre a Operação Lava Jato ("STF aprova dividir investigação da Lava Jato", "Poder", 24/9). Aguardem outros movimentos. Resultados: enfraquecer a Lava Jato e suas consequências, bem como livrar dona Dilma de um afastamento.
ULYSSES FERNANDES NUNES JR (São Paulo, SP)
Precisamos de líderes éticos, com visão de estadista, para ajudar o país a sair da crise. Sem rumo e submetidos à especulação financeira, chegamos ao fundo do poço. É urgente a reforma política, com a implantação do parlamentarismo. É também urgente um novo e efetivo plano de desenvolvimento sustentável, objetivando a harmonia do país.
VALMIR GENTIL AGUIAR, economista (Florianópolis, SC)
No momento em que se discutem a volta da CPMF e a derrubada do veto presidencial ao aumento médio de 56% para os servidores do Judiciário ("Congresso mantém veto de Dilma a regra previdenciária", "Poder" 23/9), é bom colocar algumas informações. Do rombo de R$ 112 bilhões na Previdência em 2014, R$ 62 bilhões decorrem do pagamento de aposentadorias integrais e pensões a cerca de 1 milhão de servidores da União. O restante decorre do pagamento a 24 milhões de empregados do regime geral da Previdência. O salário médio dos servidores do Judiciário é de R$ 13.290, o dos servidores do Executivo, de R$ 5.599, e o do setor privado, excluindo domésticas, é de cerca de R$ 1.000.
JOSÉ SALLES NETO (Brasília, DF)
Crise da água
Rogério Gentile desmerece a indicação do governador Geraldo Alckmin ao Prêmio Lúcio Costa induzindo o leitor a erro ("Só pode ser piada", "Opinião", 24/9). A indicação é fruto do trabalho que colocou São Paulo em lugar de destaque no cenário nacional em saneamento, reconhecido em estudos do Ministério das Cidades, do Ipea e do IBGE, e não pela gestão da crise hídrica. Pode até não merecer prêmio na opinião do articulista, mas que o trabalho do governador impediu que a previsão catastrofista ("Se chover na média, teremos problemas. Se chover menos, será o caos"), utilizada por Gentile em janeiro, se concretizasse, é um fato.
PEDRO TOBIAS, deputado e presidente estadual do PSDB-SP (São Paulo, SP)
RESPOSTA DO JORNALISTA ROGÉRIO GENTILE - A frase não é minha, mas da urbanista Marussia Whately.
Ao menos Rogério Gentile teve coragem para mostrar o ridículo do prêmio. Pensei que se tratava de premiação ao estilo do IgNobel, dado o absurdo da comenda ("Apesar da crise, Alckmin é premiado por gestão de água", "Cotidiano", 23/9). É curioso que a Folha não tenha publicado a notícia para Campinas e o Vale do Paraíba, regiões fortemente afetadas. Os nobres deputados seguem a anestesia paulista e se cegam ao que aqui acontece –ou não acontece. Faltou completar com uma menção honrosa ao PCC pela gestão da segurança.
ADILSON ROBERTO GONÇALVES (Lorena, SP)
Moradias populares
Sobre "Moradias prometidas por Haddad viram 'esqueletos' abandonados" ("Cotidiano", 24/9), a Prefeitura de São Paulo esclarece: 1) Esta gestão resolveu o crônico problema de terras para implantação de projetos habitacionais. Hoje, a cidade oferece terras para atender a mais de 100 mil moradias. A questão agora é financiamento. 2) Mesmo com repasses federais aquém do prometido, a gestão entregou mais de 8.000 moradias. Está com 23.225 em obras, das quais 608 paradas por problemas de fluxo de financiamento e quebra de construtoras. A prefeitura também tem 15 mil unidades prontas para obras tão logo recebam recursos do MCMV. 3) A Folha mais uma vez erra ao qualificar como municipal um problema nacional.
NUNZIO BRIGUGLIO, secretário de Comunicação da Prefeitura de São Paulo (São Paulo, SP)
Viagens de Aécio
Aécio viajou mais de cem vezes ao Rio em aeronaves do Estado ("Aécio usou avião de MG para ir 124 vezes ao Rio", "Poder", 23/9). A bem da moralidade, deveria repor todo o dinheiro gasto e devolvê-lo ao povo mineiro. Afirmar que as viagens foram para visitar a filha adolescente é ainda mais risível. Tais passeios podem até ser legais, mas são imorais e ilegítimos. Em seus artigos na Folha, Aécio cobra sistematicamente do governo federal valores morais. Esse mau exemplo justifica a máxima "aos amigos, tudo; para os inimigos, a lei".
VILMA AMARO (Ribeirão Pires, SP)
Presunção da inocência
O senhor Marcus Vinicius Furtado Coêlho, presidente nacional da OAB, quer ludibriar a quem insinuando que o projeto de lei 402 derruba a presunção de inocência ("A prisão antes da hora", Tendências/ Debates, 23/9)? O projeto tenta derrubar a impunidade no país e tenta avançar a um novo estágio civilizatório, no qual o criminoso, após julgado e condenado em segunda instância, vai para a cadeia, no caso de crimes graves. O senhor Coêlho defende interesses corporativistas ligados ao gordo mercado de recursos ad aeternum que a Justiça de segunda classe propicia à delinquência de luxo.
JOSÉ A. HERNANDES (São José dos Campos, SP)
Coutinho
Pena que o texto "Como destruir um filho" ("Ilustrada", 22/9), de João Pereira Coutinho, fique restrito aos leitores da Folha. Claro, muito pertinente e verdadeiro. Deve ser lido por pais e filhos. Estou indicando a amigos, familiares e vizinhos.
MARIA DE FÁTIMA N. COELHO (São Paulo, SP)
Belo Monte
Em resposta a Márcio Alvarenga Macedo (Painel do Leitor, 24/9), ninguém ignora que a matriz energética da Alemanha ainda é, globalmente, nuclear e dependente de fósseis. Mas o país está empenhado em fechar suas usinas nucleares em menos de dez anos e sua maior empresa energética, a E. ON, decidiu encerrar os investimentos em fósseis. As renováveis modernas crescem aí (como nos EUA e na China) de forma exponencial, pois eles estão com o olho no futuro, não no retrovisor.
RICARDO ABRAMOVAY, professor IEA/USP (São Paulo, SP)