Polícia Federal vai indiciar Pizzolato por falsidade ideológica
Mesmo que o ex-diretor do BB venha a ser condenado, só será preso se voltar ao país
A Polícia Federal vai indiciar o ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato por suspeitas de falsidade ideológica e uso de documentos falsos. A investigação mirou os movimentos de Pizzolato desde 2007, segundo a PF, quando ele começou esboçar o plano de deixar o Brasil.
Condenado a 12 anos e 7 meses de prisão por corrupção, lavagem de dinheiro e peculato no processo do mensalão, Pizzolato fugiu para a Itália em setembro de 2013.
Na última terça-feira (28), a Justiça daquele país negou o pedido de extradição feito pelo Estado brasileiro. A decisão permitiu que Pizzolato deixasse a cadeia da cidade italiana de Modena.
Em novembro de 2007, em Santa Catarina, Pizzolato deu entrada para tirar uma carteira de identidade em nome de seu irmão, Celso, morto desde abril de 1978.
A partir de então, ele obteve CPF, passaporte e inscrição eleitoral, sempre se passando pelo irmão falecido. Nas eleições de 2008, Pizzolato conseguiu, inclusive, votar no Rio de Janeiro, como se fosse Celso.
Segundo o delegado Caio Pellini, responsável pela investigação, iniciada em Santa Catarina, uma brecha permite a quem já tem RG e CPF retirar documentos em nome de outra pessoa.
"O RG dele era de São Paulo. Ele pediu segundas vias de documentos em nome do Celso em Santa Catarina e no Rio de Janeiro. No Brasil, o sistema não possibilita que se confronte essas informações interestaduais on-line", justifica o delegado.
A polícia identificou, no entanto, que Pizzolato fornecia seu endereço verdadeiro do Rio para receber alguns dos documentos requeridos.
Em 2008, deixou mais um rastro: com a identificação de Celso, solicitou uma autorização para votar na zona eleitoral onde estava inscrito seu próprio título.
Desta vez Pizzolato está sendo acusado de cometer nove crimes. Cada um deles prevê pena de um a nove anos de prisão. O Ministério Público deverá apresentar denúncia contra o ex-diretor do Banco do Brasil nos próximos dias. Mesmo que condenado, Pizzolato só será preso caso retorne ao Brasil.