Cunha prega independência ao disputar chefia da Câmara
Peemedebista, que não tem apoio do Planalto, oficializou sua candidatura
Para ganhar votos, ele fez promessas que agradam aos colegas, como equiparar salário com o do Supremo
O deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) oficializou nesta terça-feira (2) sua candidatura à presidência da Câmara com uma série de recados ao Planalto e defendendo que vai trabalhar para que deputados percam a "vergonha" de dizerem nas ruas que são congressistas.
Ele sustentou que não representa uma candidatura de oposição e que lutará pela independência do Legislativo.
"Não tem candidatura que defenda a oposição. Não terá candidatura submissa ao governo. Nada mais do que isso. Ninguém vai inventar a roda e fazer bravata. Queremos independência que não nos permita que sejamos submissos a qualquer vontade", afirmou.
O Planalto tem resistência a Cunha porque, embora pertença ao aliado PMDB, ele é conhecido por armar rebeliões, medir forças com o governo e manter canal permanente com a oposição.
O peemedebista tem tentado se aproximar do Planalto e mostrar que não tem interesse em prejudicar o governo no comando da Casa. O vice-presidente, Michel Temer (PMDB), não esteve presente no ato desta terça.
O atual presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), reforçou o discurso de Cunha ao dizer que o governo precisa entender que "aliado não implica em atender sempre suas vontades".
Cunha se comprometeu a buscar melhores condições de trabalho aos parlamentares.
"Do jeito que as coisas estão indo, os nossos parlamentares se envergonham de na rua poder falar que são deputados em alguns lugares. Trabalhar de tal maneira que todos saiam desse processo, ao fim, orgulhosos", afirmou.
Cunha formalizou sua campanha para tentar ganhar apoios. Até agora, ele fechou aliança com Solidariedade e PSC. Esperar conquistar PTB e PR nos próximos dias, como estratégia para isolar o PT, que deve lançar candidato próprio.
Para ganhar votos, Cunha acertou dez compromissos que agradam aos congressistas, como a construção imediata de um novo prédio para abrigar gabinetes, cobertura das atividades dos parlamentares nos Estados pela TV Câmara e a equiparação do salário dos deputados ao dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).
Atualmente, os deputados ganham R$ 26,7 mil e os ministros, R$ 29,4 mil. Até o fim do ano o Congresso deve aprovar um reajuste, elevando os vencimentos do STF para R$ 35,9 mil e as próprias remunerações para cerca de R$ 33 mil.