Apuração tem 146 procedimentos em curso
A apuração começou com um objetivo restrito: coibir doleiros que trabalhavam com câmbio ilegal. Mas acabou por atingir o coração da maior empresa brasileira, a Petrobras, e de algumas das principais empreiteiras do país.
Em pouco mais de um ano e meio, a Operação Lava Jato levou à abertura de 75 inquéritos policiais e 15 ações penais, segundo levantamento feito pela Folha. A condução é de uma força-tarefa formada pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal.
Também tramitam 56 processos em segredo, quase todos com quebra de sigilos telefônico, bancário, fiscal e de mensagens, cujos resultados alimentam os inquéritos.
Os 146 procedimentos estão sob responsabilidade do juiz federal Sergio Moro, em Curitiba, que também atua em dezenas de recursos e incidentes processuais, como pedidos de restituição de pertences apreendidos pela PF ou recursos contra leilão de bens.
Ao abrir vários inquéritos, Moro e a força-tarefa buscam impedir a formação de grandes processos lentos e custosos. A PF fez um inquérito para cada firma investigada na sétima fase da Lava Jato, deflagrada em 14 de novembro e denominada Juízo Final.
O tema das empreiteiras é tratado num conjunto de 23 inquéritos. Nesse grupo há desde as gigantes, como Odebrecht, a prestadoras de serviço à Petrobras de médio porte, mas que podem ter cometido crime e se tornarem peças importantes no conjunto.
Outro bloco, de 25 inquéritos, cuida das operações de doleiros e remessas ilegais para o exterior por meio de contratos de câmbio fictícios, nos quais a empresa simula compra de materiais no exterior que, na verdade, nunca chegam. Servem só para justificar a saída dos dólares.
Nesse conjunto se encontram atividades empresariais e parcerias de doleiros, como Nelma Kodama e Alberto Youssef, que já fez um acordo de delação premiada e se tornou figura central do caso.
O primeiro inquérito da PF no caso que viria a se chamar Lava Jato é de 2009, em Londrina (PR), para apurar suposta lavagem de dinheiro por meio da empresa CSA Project Finance, que seria, segundo a PF, braço financeiro da família do deputado José Janene (PP-PR), morto em 2010.
O mesmo inquérito obteve indícios contra Youssef e o doleiro Carlos Habib Chater, de Brasília. Era o início da teia.