Insatisfação de partidos dificulta conclusão da reforma ministerial
Dilma viaja para descanso na Bahia sem completar equipe que tomará posse com ela no dia 1º
PR quer mais poder na área de Transportes, PP sugere outro nome para Integração e PT pede pasta do Trabalho
A presidente Dilma Rousseff, que embarcou nesta quinta-feira (25) para um breve recesso na Base Naval de Aratu, na Bahia, ainda enfrenta dificuldades para acertar com os partidos aliados a composição da equipe ministerial do segundo mandato.
Dilma ainda não encontrou solução para demandas apresentadas pelo PR e pelo PDT, além das insatisfações do seu próprio partido, o PT.
O PR quer ampliar seu poder na área de transportes. Além de indicar o vereador paulistano Antônio Carlos Rodrigues como novo ministro, o partido quer liberdade para nomear as pessoas que irão administrar empresas e órgãos ligados ao ministério.
Entre eles, estão o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), responsável por obras em rodovias federais, e a Valec, estatal responsável pela construção da Ferrovia Norte-Sul.
De acordo com integrantes do partido, o Palácio do Planalto resiste à ideia. Dilma mantém o ministério sob controle do PR desde o início de seu mandato, mas esvaziou seu poder em 2011, quando demitiu vários funcionários ligados ao partido e acusados de praticar irregularidades nas obras do Dnit e da Valec.
O PR sugeriu a Dilma o nome de Rodrigues, que deve ser confirmado. Mas a presidente indicou que preferia manter o atual ministro, Paulo Sérgio Passos, no comando. Embora seja filiado ao PR, ele é considerado no partido um burocrata leal a Dilma e sem compromisso partidário.
A presidente também enfrenta dificuldades para acomodar o PDT, que deseja continuar no Ministério do Trabalho. Ela sugeriu a Previdência Social como opção para o aliado, mas a sigla não recebeu a oferta com entusiasmo.
Se atender ao PDT, Dilma irá desagradar setores do PT ligados ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu antecessor e padrinho político, que desejam emplacar no comando da pasta um sindicalista ligado à CUT (Central Única dos Trabalhadores).
Dilma já definiu que que dará o Ministério da Integração Nacional para o PP como compensação pela perda da pasta de Cidades, mas não chegou a acordo com a cúpula do partido sobre o nome do futuro ministro. O PP quer o atual ministro das Cidades, Gilberto Occhi. A presidente prefere o ex-ministro e deputado Aguinaldo Ribeiro (PB).
Assessores dizem que Dilma pode autorizar nesta sexta (26) a divulgação de novos nomes que irão compor sua equipe, confirmando indicações de petistas. Já está definido que o PT perderá a Educação para o governador do Ceará, Cid Gomes (Pros).
Com espaço reduzido no novo ministério, o PT também deve ver rejeitada a estratégia de turbinar o Ministério das Comunicações com a administração das verbas publicitárias do governo, recursos que hoje estão sob responsabilidade da Secretaria de Comunicação da Presidência da República.