Dilma afirma que ajustes não mudam promessas da eleição
Na 1ª reunião ministerial, presidente diz que novas ações têm 'caráter corretivo'
Ela nega que medidas anunciadas por seu governo representem redução dos benefícios trabalhistas e sociais
Depois de ficar quase um mês em silêncio, desde sua posse, a presidente Dilma Rousseff defendeu nesta terça (27), durante a primeira reunião ministerial do segundo mandato, as medidas de ajuste tomadas para reequilibrar as contas públicas em 2015.
Criticada até mesmo por integrantes do PT por ter adotado receituário semelhante ao defendido pela oposição durante a campanha, Dilma disse que as ações têm "caráter corretivo" e são "indispensáveis" para restabelecer a saúde financeira do país.
"Os ajustes que estamos fazendo são necessários para manter o rumo, para ampliar as oportunidades, preservando as prioridades sociais e econômicas (...)", disse Dilma diante de seus 39 ministros e o vice-presidente Michel Temer na Granja do Torto, residência de campo oficial da Presidência.
A petista tentou justificar durante seu discurso que a guinada na política econômica já havia sido sinalizada durante a campanha.
"A população brasileira votou também por mudanças e nós não podemos esquecer disso." "Mostraremos que não alteramos um só milímetro do projeto vencedor das eleições", completou.
A petista defendeu a política econômica adotada no primeiro mandato. Segundo Dilma, o governo "cumpriu o seu papel" ao absorver impactos gerados pela crise mundial, preservando o emprego e a renda do trabalhador. Mas reconheceu que essa política chegou ao limite.
"Estamos diante da necessidade de promover um reequilíbrio fiscal para recuperar o crescimento da economia o mais rápido possível, criando condições para a queda da inflação e da taxa de juros no médio prazo."
Segundo a Folha apurou, o ministro Joaquim Levy (Fazenda) disse durante a reunião que o rebaixamento da nota de crédito do Brasil pelas agências de risco está fora do radar e que a equipe econômica terá como função principal garantir o cumprimento da meta fiscal do ano.
O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirmou que uma política fiscal rigorosa facilitará o trabalho do BC em trazer a inflação para o centro da meta (4,5%) até o final de 2016.
Dilma citou a crise hídrica como um dos problemas que o governo terá que enfrentar. Ela pediu colaboração dos ministros para auxiliar os governos estaduais e municipais no enfrentamento do problema, principalmente no Sudeste. Disse ainda que o governo está tomando medidas para garantir o abastecimento energético do país.
A presidente também aproveitou a reunião para defender as mudanças anunciadas no pagamento de benefícios trabalhistas e sociais. "Nesses casos, não se tratam de ajustes fiscais, mas de aperfeiçoamento de políticas sociais para aumentar sua eficácia, eficiência e sua justiça. Sempre aperfeiçoamos as nossas políticas", explicou.
Ela negou ainda que as medidas representem redução dos benefícios trabalhistas. "Os direitos trabalhistas são intocáveis", disse.
No final da reunião, segundo a Folha apurou, Dilma disse não ter "mais dinheiro para jogar pela janela", numa referência à necessidade de os ministérios economizarem. "Como diz o ministro Guilherme Afif, sabemos que um boi se come por partes. Vamos comer o boi por partes então."