Análise
Reprovado na gestão da água, tucano terá de mudar no rodízio
Quando virar história daqui a alguns anos, a crise da água na Grande SP poderá ser contada em duas etapas: o "antes" e o "depois" do rodízio.
No "antes", Geraldo Alckmin foi reprovado pelos paulistas, segundo o Datafolha, e a falta de água virou o principal problema do Estado, deixando para trás temas como segurança e educação.
No "antes", Alckmin e seus treinados auxiliares evitaram expressões como crise, multas, racionamento e rodízio.
Além de trancar a sete chaves informações sobre os planos para a estiagem, preferiram falar em "escassez de chuva", "redução de pressão nos encanamentos" e até em "falta de mira de são Pedro".
Tudo isso principalmente no período eleitoral do ano passado --quando Alckmin foi reeleito com ampla vantagem, e as consequências da estiagem se agravavam.
Agora, com a popularidade abalada, o governador terá de trocar esse esgotado "tucanês hídrico" pelo duro discurso da realidade.
Afinal de contas o tema da crise invadiu conversas em escolas, nos bares, no trabalho e no sofá de casa. E em esquinas, ônibus e metrô as pessoas falam com desenvoltura sobre seca, volume morto e até sistema Cantareira.
Segundo o Datafolha, 97% dos paulistas dizem estar bem ou mais ou menos informados sobre o baixo volume dos reservatórios de água.
A chance para Alckmin mudar o estilo ocorrerá provavelmente nas próximas semanas, com o anúncio de um rodízio na Grande São Paulo.
O tucano fará isso via nota oficial, por meio de secretários e assessores ou convocará uma entrevista na qual explicará como será ficar quatro ou cinco dias da semana com as torneiras secas?
Virá a público dizer que, em alguns casos, a água chegará às residências imprópria para o consumo humano? Explicará que bairros mais altos e distantes dos mananciais poderão sofrer ainda mais com o drástico rodízio?
Na história da mais grave seca de São Paulo, essa será a estreia do capítulo "depois" do rodízio, e o tucano terá aí a chance de sair das cordas, amassar barro nas margens do Cantareira e deixar para trás um índice de rejeição atingido por ele no auge dos protestos de junho de 2013.