Outro lado
Petrolão
Políticos negam envolvimento com corrupção na estatal
Deputados e senadores investigados reclamam de não ter tido conhecimento do conteúdo dos autos
Políticos que tiveram investigações autorizadas pelo STF (Supremo Tribunal Federal) negam envolvimento com o escândalo de corrupção na Petrobras.
Os nomes dos parlamentares citados foram tornados públicos na noite de sexta (6) por decisão do ministro Teori Zavascki, relator dos processos da Operação Lava Jato no Supremo.
Presidente da Câmara, o deputado federal Eduardo Cunha, do PMDB do Rio, disse estar "tranquilo". "Não sei por que meu nome entrou na lista", afirmou.
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse que suas relações junto ao poder público nunca "ultrapassaram os limites institucionais" e que o processo de investigação é o "único instrumento capaz de comprovar" que ele não está ligado ao esquema.
A ex-governadora do Maranhão Roseana Sarney (PMDB) disse por meio da sua assessoria que ficou "perplexa" e se sentiu "injustiçada".
O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) criticou a lista que "mistura num balaio só" corrupção com doações de campanha, segundo ele.
Senador pelo PP do Piauí, Ciro Nogueira chamou a situação de "surreal". "Estão listados praticamente todos os deputados que receberam doação oficial do partido em 2010", afirmou.
Ex-líder do PT no Senado, o senador Humberto Costa (PE) afirmou que recebeu com "surpresa e indignação" a inclusão de seu nome na lista dos investigados. Ele disse não ter conhecimento formal dos fatos.
Em nota assinada pelo presidente do partido, Rui Falcão, o PT defendeu o prosseguimento das investigações e assegurou que, em caso de comprovação de delitos, seus filiados receberão punições previstas no estatuto.
Partido com o maior número de congressistas envolvidos, o PP divulgou nota dizendo não compactuar com atos ilícitos e confiar na apuração da Justiça para que a verdade prevaleça.
O deputado federal Luiz Carlos Heinze (PP-RS) disse que recebeu dinheiro, contabilizado, da direção nacional do partido. "Quem não deve não teme. Não conheço Paulo Roberto Costa, Youssef, nenhum desses aí. Vai ser esclarecido."
Presidente do PP do RS, Celso Bernardi disse que o problema pode ter sido a captação de recursos que o diretório nacional fez e repassou às contas de campanha dos deputados. "Os deputados agiram de boa-fé imaginando que era captação lícita". Ele diz que o partido não dará privilégio a "quem tenha cometido desvios".
O advogado José Antônio Boschi, que defende o deputado federal José Otávio Germano (PP-RS), nega irregularidades e diz que Germano se dispõe a abrir seus sigilos.
O senador Benedito de Lira, do PP de Alagoas, disse estar "surpreso" com o seu nome na lista. "Nunca tratei de nenhum assunto com nenhum desses caras da Petrobras. Agora, vão ter que me mostrar do que fui acusado,não estou sabendo de nada".
Outros citados não foram localizados pela Folha na noite desta sexta-feira.